ATA DA CENTÉSIMA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.09.1991.
Aos dezoito dias do mês de setembro do
ano de mil novecentos e noventa e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a
Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Vigésima Sexta Sessão
Ordinária da Terceira Sessão Legislativa da Décima Legislatura. Às quatorze
horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella,
Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ide Morelli, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Dib, João Motta,
José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda,
Luiz Braz, Mano José, Luiz Machado, Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Vicente Dutra,
Wilson Santos, Wilton Araújo e Heriberto Back. Constatada a existência de
“quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou à
Vereadora Letícia Arruda que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A
seguir, o Senhor Secretário procedeu à leitura da Ata da Centésima Vigésima
Quinta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Ervino Besson, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Leão de
Medeiros, 03 Pedidos de Providências; pela Vereadora Letícia Arruda, 01 Projeto
de Lei do Legislativo nº 205/91 (Processo nº 2413/91); pelo Vereador Mano José,
01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 88/91 (Processo nº 1260/91); pelo
Vereador Martim Aranha filho, 02 Pedidos de Providências; e pelo Vereador Nereu
D’Ávila, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 54/91 (Processo nº
947/91). Do EXPEDIENTE constaram Cartões do Vice-Governador do Estado do Rio Grande
do Sul. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que o Grande Expediente
da presente Sessão seria dedicado a homenagear a Semana Farroupilha, convidando
os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades
presentes. Compuseram a Mesa: Vereadores Antonio Hohlfeldt e Airto Ferronato,
Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre,
respectivamente; Tenente-Coronel Bento Matusalém de Vasconcelos; Deputado
Estadual Francisco Medeiros; Padre Osmar Ristes; Ieno Severo, Vice-Presidente
do Movimento Tradicionalista Gaúcho; e Vereador Wilson Santos, 3º Secretário da
Casa. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, na Casa, de
representantes de movimentos tradicionalistas Gaúcho manifestando-se acerca dos
objetivos da presente solenidade e concedendo a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Wilson Santos, em nome da Bancada do PL,
traçou paralelo entre o quadro político e econômico vigente no País à época da
Revolução Farroupilha e nos dias de hoje, salientando a importância de que as
lideranças políticas atuais assumam seu papel na luta pela valorização do nosso
Estado. Lembrou o transcurso do bicentenário do nascimento de Bernardo Pires. O
Vereador Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, saudou, em especial, a
presença, na Mesa dos trabalhos, do Deputado Estadual Francisco Medeiros. Disse
ter sido a Revolução Farroupilha conseqüência da administração aqui exercida
pelo Governo provincial, lendo palavras do herói gaúcho Bento Gonçalves, quanto
à situação do Estado na época da referida Revolução e falando sobre a crise
hoje enfrentada pelo País. O Vereador Heriberto Back, em nome da Bancada do PT,
teceu comentários sobre o quadro atualmente enfrentado pelo setor agrícola, com
a vinda, de outros Estados da maior parte dos produtos hortigranjeiros aqui
consumidos e a existência de colonos com experiência nesta área sem condições
de sobrevivência com o trabalho na terra. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da
Bancada do PCB, discorreu sobre o surgimento do tradicionalismo gaúcho e seu
papel no culto das nossas tradições. Comentou a forma como a história registrou
a Revolução Farroupilha, falando, em especial, das idéias políticas encontradas
entre os adeptos dessa Revolução. Ainda, analisou os motivos que geralmente
acarretam a difusão de ideais separatistas dentro de uma Nação. O Vereador João
Dib, em nome da Bancada do PDS, disse estar o Rio Grande do Sul sendo isolado
das decisões quanto aos rumos do País, salientando a necessidade de que sejam
imitados os homens da época farroupilha, classificando-os como pessoas para
quem o sentimento de honra e a pátria encontravam-se acima de ambições
pessoais. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, tecendo
comentários acerca das principais reivindicações que buscavam os gaúchos na
época da Revolução Farroupilha, discorreu sobre os movimentos tradicionalistas
hoje observado no Estado, dizendo serem eles responsáveis pela sobrevivência
dos ideais farroupilhas. A seguir, foi ouvido número musical apresentado pela
dupla artística “Irmãos Medeiros”, e o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
senhor Ieno Severo que, como representante das entidades tradicionalistas,
discorreu sobre a data hoje homenageada. Em prosseguimento, o Senhor Presidente
convidou a todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional. Após, o Senhor
Presidente registrou que, a seguir, seria realizada uma missa crioula e
apresentações artísticas relativas a Semana Farroupilha, agradeceu a presença
de todos e suspendeu os trabalhos às quinze horas e cinqüenta e um minutos, nos
termos regimentais. Às quinze horas e cinqüenta e oito minutos, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, constatada a existência de “quorum”, foram
reabertos os trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib disse ter
encaminhado Requerimento solicitando a convocação do Senhores Secretários
Municipais da Fazenda e da Administração para prestarem esclarecimentos
relativos aos reajustes salariais dos municipários. Também, anunciou Projeto de
Lei a ser encaminhado à Casa, revogando dispositivos da Lei nº 6855/91. Após,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião,
foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Vieira da Cunha, solicitando
alteração na ordem de votação dos projetos, votando-se, primeiramente, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 53/91, e o Senhor Presidente respondeu
Questões de Ordem dos Vereadores Vieira da Cunha, Artur Zanella e Luiz Braz,
acerca do material a ser votado na presente Sessão. Em Discussão Geral e
Votação foi aprovado o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
53/91, por vinte e três Votos SIM contra um Voto NÃO, após ter sido discutido
pelos Vereadores Artur Zanella, Heriberto Back, Vieira da Cunha, João Dib,
Adroaldo Correa, Gert Schinke, José Valdir, Luiz Braz e Clóvis Brum, e
encaminhando à votação pelos Vereadores Giovani Gregol, Vicente Dutra e Edi
Morelli, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação do Vereador
Artur Zanella. Com relação a este Projeto, votaram Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói
Guimarães, Gert Schinke, João Dib, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann,
Letícia Arruda, Luiz Braz, Leão de Medeiros, Mano José, Omar Ferri, Vicente Dutra,
Wilton Araújo, Vieira da Cunha, Adroaldo Correa, Heriberto Back, Ervino Besson
e Giovani Gregol e votou Não o Vereador Décio Schauren. Ainda, foi aprovado
Requerimento do Vereador José Valdir solicitando que o Projeto de Lei do
Legislativo nº 53/91 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício
para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Após, os Vereadores
João Dib e José Alvarenga formularam Requerimentos verbais solicitando
alterações na ordem de votação da matéria integrante da Ordem do Dia,
Requerimentos estes retirados pelos seus Autores. Ainda, o Senhor Presidente
respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Artur Zanella, Nereu D’Ávila e
Dilamar Machado, acerca da ordem dos trabalhos da presente Sessão. A seguir,
foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Adroaldo Correa, solicitando
alterações na ordem de votação da matéria constante da Ordem do Dia, por quinze
Votos SIM contra onze Votos Não, tendo votado Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Décio Schauren, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Dib, João Motta,
José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Vicente Dutra, Adroaldo Correa,
Heriberto Back, Artur Zanella, Luiz Braz e Mano José, e votado Não os
Vereadores Clóvis Brum, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Letícia Arruda, Luiz Machado, Nereu D’Ávila, Omar Ferri, Vieira da
Cunha, e Wilton Araújo. Este Requerimento do Vereador Adroaldo Correa foi
submetido à verificação de votação por solicitação do Vereador João Dib, tendo
sido rejeitado em sua primeira votação. Na oportunidade, os trabalhos estiveram
suspensos por um minuto, nos termos regimentais. A seguir, foi aprovado
Requerimento do Vereador João Dib, solicitando a convocação dos Secretários
Municipais da Administração e da Fazenda, para prestarem esclarecimentos acerca
dos reajustes salariais dos funcionários municipais. Ainda, foi apregoado
Requerimento do Vereador José Valdir, de Moção de Repúdio devido à interdição
na Escola Técnica Parobé, destituição da direção eleita e uso de aparato militar
para repressão de manifestação de estudantes, de parte do Governo Estadual, o
qual foi encaminhado à votação pelos Vereadores Artur Zanella, José Vadir, João
Dib, Luiz Braz e Clóvis Brum, deixou de ser votado face à inexistência de
“quorum”. Durante a discussão desse Requerimento, os trabalhos estiveram
suspensos por oito minutos, nos termos regimentais. Às dezenove horas e vinte e
um minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Airto Ferronato e Omar Ferri e secretariados
pelos Vereadores Leão de Medeiros, Wilson Santos, Vicente Dutra e Airto Ferronato,
estes dois últimos como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Estão abertos
os trabalhos.
O Grande Expediente da tarde de hoje será dedicado a homenagear a Semana
Farroupilha, a Requerimento do Ver. Wilson Santos, conforme Processo nº
1144/91, aprovado pelo Plenário da Casa.
A Mesa está composta, além da Presidência dos trabalhos, pelo Ver.
Wilson Santos, 2º Secretário; pelo Sr. Tenente-Coronel Bento Matusalém de
Vasconcelos, representando a Brigada Militar; e pelo Ilmº Sr. Ieno
Severo, Vice-Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).
Convidamos a todos presentes para assistirem, de pé, a abertura dos
trabalhos, com a execução do Hino Nacional.
(Ouve-se a execução do Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, em nome da Casa, queremos dar as boas-vindas a todos os
companheiros do Movimento Tradicionalista Gaúcho, do Estado do Rio Grande do
Sul, sobretudo ao Sr. Ieno Severo, Vice-Presidente do MTG, marcando, nesta
Sessão solene, a lembrança de episódios que são extremamente importantes, não
só para a formação da nacionalidade brasileira, quanto para a própria definição
de fronteiras e da identidade do gaúcho.
Das palavras do escritor Augusto
Mário Gaúcho, que não é um único gaúcho, não é apenas o gaúcho pilchado, mas é
o gaúcho de fala alemã, italiana, espanhola, japonesa, polaca e de tantas
outras descendências que aqui chegaram, mas que todos se identificaram com
aquelas lutas que marcaram a definição deste território. Um território que
originalmente não nos pertencia. Um território que foi sendo definido
gradualmente nas lutas, nas disputas; e, sobretudo conforme muito bem registrou
Mário de Andrade, na vontade de sermos brasileiros e sermos gaúchos. Portanto,
esta cerimônia é importante, ainda que singela.
Pela ordem, teremos os
pronunciamentos dos Vereadores: Wilson Santos, pelas Bancadas do PL e do PMDB;
Edi Morelli, pela Bancada do PTB; Heriberto Back, pela Bancada do PT; Lauro
Hagemann, pela Bancada do PCB; Artur Zanella, pela Bancada do PFL; João Dib,
pelo PDS; e Elói Guimarães, pelo PDT, encerrando-se com a palavra o Sr. Ieno
Severo alusivo à data. Desde logo, Dr. Ieno, Sr. Representante da Brigada
Militar, Srs. Vereadores, queremos pedir desculpas antecipadas pela nossa
eventual ausência durante a Sessão, eis que deveremos representar a Casa na
Sessão Solene da Assembléia Legislativa que, agora à tarde, recebe o Exmº
Sr. Presidente da República do Uruguai, que se encontra em visita oficial a
este Estado e a esta Cidade. Conduzirá, portanto, os trabalhos, a partir deste
momento, o Ver. Airto Ferronato, que continuará, posteriormente, a Sessão
quando, encerrado o Grande Expediente, nós suspenderemos os trabalhos, e os
retomaremos imediatamente no Plenário do Palácio Aloísio Filho, para o
prosseguimento da Sessão, com a Ordem do Dia. Nós passamos a palavra ao Ver.
Wilson Santos, em nome da Bancada do PL, e a Presidência dos trabalhos ao Ver.
Airto Ferronato.
(Assume a Presidência dos trabalhos o Ver. Airto
Ferronato.)
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente em exercício, Airto Ferronato; Tenente-Coronel PM Bento
Matusalém de Vasconcelos, representando o Comando Geral da Brigada Militar; Sr.
Ieno Severo, Vice-Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho; demais
Vereadores, peões, prendas que prestigiam este ato com as suas presenças. Nós
queremos, com este ato, marcar a nossa obrigação em dar mais amplitude ao valor
histórico e ao valor cultural que tem a Semana Farroupilha. Dos episódios
internos do Brasil, o mais longo, o mais violento, o mais sangrento e o mais
heróico foi esse movimento, que durou de 1835 a 1845, onde os gaúchos se
puseram em armas contra o governo central, contra o governo opressor, um
governo que marginalizava este Estado. Pretendo apenas registrar que, resguardo
algumas características, estamos vivendo um quadro parecido. Até não diria que
o governo central é opressor, talvez não diria que – como foi à época, quando a
Revolução Farroupilha se insurgiu contra um governo incompetente, mas, no
mínimo, esse governo centralizador tem uma política madrasta para com o Rio
Grande do Sul. Ele marginaliza o Rio Grande. Não é necessário ser expert no assunto, basta ver que o Rio
Grande participa com 8,5% do PIB, recebendo com investimento uma migalha de
apenas dois por cento de investimentos no Estado. Acredito que as nossas lanças
devam ficar adormecidas e quietas, que da boca do fuzil não precise sair nenhum
estrondo, mas, precisa, sim, que as Lideranças políticas deste Estado assumam o
mesmo papel de bravura, a mesma fibra, a mesma coragem, que correu no sangue
daqueles heróis e bravos, que certamente corre ainda nas nossas veias. Há uma
necessidade de que se brade em alto e bom tom que o Rio Grande precisa ser
respeitado e valorizado pelo Governo Federal. Então, serve a Semana
Farroupilha, serve o Dia do Gaúcho, até para esse tipo de conscientização. Na
necessidade de dar essa maior amplitude ao valor histórico e cultural da Semana
Farroupilha, já apresentei um Projeto de Lei desta Casa, onde queremos que para
o próximo ano o Parlamento da Capital do Estado do Rio Grande do Sul tenha uma
semana de eventos porque tem espaço físico, tem espaço político e tem
comprometimento de honra com a história do Estado, cujo nosso Parlamento é
Capital.
Eu vou, até, abandonar o roteiro,
não sem antes dizer que também, além das figuras de heróis...
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Vereador, a
Mesa pede licença a V. Exª para comunicar a presença do Deputado Estadual
Francisco Medeiros e temos a satisfação de convidá-lo para que faça parte da
Mesa.
O SR. WILSON SANTOS: Aproveito para saudar o Dep.
Francisco Medeiros, ex-Prefeito de Cachoeirinha, um tradicionalista dos quatro
costados que veio e trouxe, inclusive, a sua gaita porque, com muita honra, ele
se considera também um gaiteiro, ligado às coisas do Rio Grande do Sul, ligado
à nossas tradições.
Eu quero apenas dizer que a
Semana Farroupilha, que o movimento tradicionalista gaúcho e todos os
tradicionalistas estão referenciando Bernardo Pires pelo bi-centenário de seu
nascimento e pelo centenário de sua morte: o Mártir do Ceifal, que inclusive
foi Vereador na Cidade de Piratininga. Quero, também neste momento, saudar as
prendas e dizer que temos que agradecer a Deus esta oportunidade, e, eu diria
assim:
Em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo e com licença, do Patrão Celestial, eu vou chegando enquanto eu
cevo o amargo das minhas confidências, porque ao romper da aurora e ao
descambar do sol eu preciso campear por outra invernada e repontar toda a força
e a coragem para o entrevero deste dia que passa. Eu pensei que todo guasca bem
pilchado, de faca, de rebenque e esporas ele não se afirma nos arreios da vida,
ele se estriba é na proteção do céu. Por isso eu te peço, Patrão Celeste, que
ouça esta nossa oração e abençoe este ato de homenagem ao Dia do Gaúcho e à
Semana Farroupilha. E à mulher gaúcha eu gostaria de dizer o seguinte: A maior
das gauchadas que há na Sagrada Escritura, eu falo como criatura e penso que
não me engano, foi aquela em que o Soberano, na sua pressa divina, resolveu
fazer a china da costela do paisano. Bendita china gaúcha, és a rainha do pampa
e tens na divina estampa um quê de nobre e de altivo. És perfume, és lenitivo que num minuto escraviza o índio mais
primitivo. Refletem teus olhos negros velhas orgias pagãs e a beleza das manhãs
quando no campo clareia, e até o sol que te bronzeia, beijando-te a estampa
esguia faz de ti, prenda bravia, uma pampiana sereia. Jamais alguém contestou o
teu cetro de realeza e o trono da natureza é teu, chinoca lindaça, pois tu
traduzes com graça as fidalgas, açorianas, charruas e castelhanas, vertentes
vivas das raças. Para mim, tu peleaste com os anjos na aramada(sic) do teu
sorriso, fugindo do paraíso para esta campanha agreste e n’algum ritual
campestre, por força do teu encanto, transformaste este pago santo num paraíso
terrestre. A nossa homenagem à mulher gaúcha, a todas as prendas que nos
prestigiam. E a homenagem ao peão, eu diria assim: Valente galo de briga,
guasca vestido de penas, quando arrastas as chilenas no tambor de um
rinhadeiro, no teu ímpeto guerreiro eu vejo um gaúcho avançando, ensangüentado,
peleando no calor do entrevero. E assim como tu lutas, frente a frente, o peito
nu, lutou também o xiru na conquista deste chão. E, como tu, sem paixão, caia
sem dar um berro, de lança firme na mão. Evoco neste teu sangue que brota rubro
e selvagem, respingando na serragem do teu peito descoberto, o guasca, no campo
aberto quando ele riscava os atalhos do nosso destino incerto. Deus te deu como
ao gaúcho que jamais dobra o penacho, esta altivez de índio macho que ostentas
já quando pinto, e a diferença que eu sinto é que o gaúcho, bem ou mal, ele
luta por um ideal. E tu, pinto, tu lutas por instinto. É por isso que numa
rinha eu contigo sofro junto. E ao te ver quase defunto, de arrasto, quebrado e
cego, como quem diz não me entrego, eu sou galo, eu morro e não grito,
cumprindo o fado maldito que desde a casca carrego. E ao te ver morrer
peleando, no teu destino cruel, sem dar nem pedir quartel, rude, gaúcho
emplumado, meio triste, encabulado, mil vezes me perguntei: por que é que eu
não me boleei para morrer no teu costado? Porque na rinha da vida já me bastava
o empate, pois eu cheguei ao arremate quebrado, sem bico e torto. Mas, me resta
um conforto, como a ti, galo de rinha: se alguém quebrar a minha espinha há de
ser depois de morto”.
Eu faço a homenagem às prendas,
faço aos peões e entrego toda essa homenagem à Liderança maior do
tradicionalismo, no Estado, a ti, Ieno, para que leve ao MTG (Movimento
Tradicionalista Gaúcho) que esta Casa rende uma homenagem ao Dia do Gaúcho e à
Semana Farroupilha. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, para falar em nome do seu
Partido, o PTB, o Ver. Edi Morelli.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Ver. Airto
Ferronato; Ilmº Sr. Tenente Coronel Bento Matusalém de Vasconcelos,
representando o Comando Geral da Brigada Militar; Ilmº Sr. Ieno
Severo, Vice-Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho; Sr. Ver. Wilson
Santos, proponente desta homenagem, que com muita propriedade homenageou as
prendas, porque o que seria de nós, gaúchos, da cidade ou da campanha, sem a
prenda? Deixei para homenagear por último, fugindo do protocolo, o Deputado
Estadual e meu particular amigo Francisco Medeiros, que faço questão que fique
nos Anais desta Casa o reconhecimento daquele povo sofrido de Cachoeirinha de
quando Francisco Medeiros era o seu Prefeito e pegava a sua sanfona, juntamente
com seu mano, compondo a dupla, Irmãos Medeiros, e saía a tocar em fandangos
beneficentes para aquela gente humilde. Por isso, Dep. Francisco Medeiros, eu
repito, para que fique nos Anais desta Casa, esta homenagem, em nome do povo de
Cachoeirinha, aquele povo sofrido, ao qual V. Exª já colocou o pão na boca.
Senhoras e Senhores, inicio o meu
discurso pedindo escusas pela afonia, mas, vejam bem: “Conheça o Brasil, que o
dia 20 de setembro de 1835 foi a conseqüência inevitável da má e odiosa
administração e, que não tivemos outro objetivo e não nos propusemos outro fim
que restaurar o império da Lei, afastando de nós um administrador inepto e
faccioso, sustentando o trono do nosso jovem monarca e a integridade do
império”. Estas palavras de Bento Gonçalves da Silva contra o presidente da
Província, Fernandes Braga, que não titubeou em armar forte repressão nos
farrapos quando da passeata por estes organizada em Porto Alegre para festejar
o ato adicional à Constituição que determinou a criação de Assembléias
Legislativas provinciais, demonstram a garra e o espírito de bravura dos nossos
farroupilhas.
E no dia seguinte, Bento
Gonçalves, líder liberal, Chefe da Guarda Nacional, comandante da guarnição da
fronteira de Jaguarão, tomava Porto Alegre, iniciando a mais longa das
revoluções internas do País: a Revolução Farroupilha que durou dez anos.
Quantas lições a história de
nosso povo nos ensina. A luta contra a tirania de qualquer tipo ou matiz.
Bravura e sentimento de independência que marcaram nosso povo. Nem mesmo com a
prisão de Bento Gonçalves às margens do Rio Jacuí, na Ilha do Fanfa, em 1836,
após 3 dias de batalha renhida, a luta terminou. Os farrapos escolhem a Vila de
Piratini e em 5 de novembro aderem à República criada por Antonio Neto.
Caçapava, Alegrete também integram a história que hoje registramos com orgulho.
Exemplo de dignidade que a memória sedimenta. É bom olhar para atrás e ver que
nossos registros apontam à predominância de valores que ainda hoje nos
acompanham. Justiça e integridade. Sentimentos que formaram a República do Rio
Grande e que trouxeram para apoiar o ideal dos gaúchos nomes como Giuseppe
Garibaldi e Davi Canabarro.
Bento Gonçalves, herói
republicano nascido em Triunfo, nos legou um exemplo de idealismo e as páginas
que formam a nossa história nos fazem hoje, destacar o orgulho de sermos todos
nós, gaúchos de todos os recantos deste Rio Grande do Sul, herdeiros dessa saga
de coragem, destemor e perseverança. E no Brasil de 1991 precisamos refletir e
voltar nosso olhar ao passado. Aí vamos buscar a inspiração para combatermos
todo e qualquer tipo de injustiça, econômica e social. Somos um povo forjado
nas lutas farroupilhas, com a têmpera dos fortes, e com a bravura de nossos
ancestrais.
A Revolução Farroupilha é um
marco na vida do país, e um espelho para todas as gerações. E, é com satisfação
que hoje registramos a passagem desta que foi uma de nossas mais expressivas
formas de combate contra a tirania e a repressão. E vale também registrar que
essa busca pela justiça por parte dos farrapos, também foi demonstrada em 1838
no “manifesto dos Republicanos” que destacava: “Uma administração sábia e
paternal nos teria indenizado de sacrifícios tais e de tão pesadas cargas pela
abolição de alguns impostos e direitos. O governo imperial pelo contrário,
esmagou a nossa indústria, vexando-a ainda mais”.
E agora, 156 anos depois, ainda
ouvimos no sopro do minuano a retumbar no verde de nosso pampa, o som mais
bonito e agradável ao nosso coração: o som da liberdade e da justiça
Farroupilha. Som que nos ampara e dá forças na luta contínua que precisamos
travar na busca de melhores dias para o nosso povo, hoje oprimido pelas
diferenças sociais, pela miséria, pela indiferença de um Estado que se vê as
voltas com suas crise que não é somente econômica, mas de conjuntura. Hoje mais
do que nunca, precisamos nos debruçar no exemplo do ideal farroupilha para
juntos, numa outra luta sem batalhas campais, mas sim, com a batalha de
inteligências, da boa vontade e do esforço pessoal, buscarmos a solução para os
grandes problemas que afligem. É no exemplo de homens como Bento Gonçalves da
Silva, herói dos Farrapos, que certamente, encontraremos a força necessária
para suplantar tantas dificuldades. Afinal, cada um de nós, com orgulho pode
dizer: somos herdeiros da tradição farroupilha. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
Com a palavra o Ver. Heriberto
Back, que falará em nome de sua Bancada, o PT.
O SR. HERIBERTO BACK:
Sr. Presidente, Airto
Ferronato; Ver. Wilson Santos; Tenente-Coronel Bento Matusalém de Vasconcelos,
da Brigada Militar; Companheiro Ieno Severo, Vice-Presidente do Movimento
Tradicionalista Gaúcho; Companheiros do Movimento Tradicionalista Gaúcho, quero
primeiro, pedir desculpas, mas eu não tinha pretensão de vir vestido de gaúcho,
embora esteja de calças largas e de botas, é que eu vim de moto, então vim
vestido de um misto de campeiro.
Meus
companheiros, vileiros da Grande Cruzeiro do Sul, da Cooperativa dos
Trabalhadores das Vilas de Porto Alegre. Perguntava-me o Ver. Vicente Dutra, e
até me oferecia uma poesia, se eu ia declamar também. Eu disse: Não, Vereador,
eu vou reclamar, porque nós temos tantas coisas a reclamar, e de repente, a
reclamar em primeiro lugar de nós mesmos. Eu concordo com o Ver. Wilson Santos
que o Governo Federal é padrasto para com o Rio Grande do Sul, porque hoje nós
temos uma situação semelhante à época da Revolução Farroupilha para uma
rebelião. Eu não sou gaúcho, sou do Sul de Santa Catarina, da terra de Anita
Garibaldi, e considero-me hoje, praticamente um gaúcho, porque há 20 e poucos
anos moro no Rio Grande do Sul. E há mais de 12 anos convivo com a população
marginalizada, vindo do campo, formando os bolsões de miséria em torno das
grandes cidades. Eu acredito que essa seja a maior vergonha do Rio Grande. A
maior vergonha do Rio Grande que não dá oportunidade para que essa gente possa
plantar, exercer a sua vocação da terra. E é uma vergonha para o Rio Grande e
isso não é culpa do Governo Federal, que nós tenhamos hoje uma cidadela do
exército paulista, implantado em pleno coração de Porto Alegre que é a CEASA?
50% do que se vende na CEASA, numa média entre o inverno e verão, mais
precisamente 51%, vem de fora do Estado do Rio Grande do Sul, praticamente tudo
de São Paulo. Alguém me dirá, que isso é normal, que o Rio Grande tem vocação
para produção extensiva, produção de carne, de trigo, de arroz, que não uma
vocação do Rio Grande, dos hortifrutigranjeiros. Ora como é que não é? Nós
temos só na Região Metropolitana de Porto Alegre, e os dados não são meus, são
da Metroplan, uma Entidade séria, de 60 a 70% da área da Região Metropolitana,
é área agricultável de boa qualidade. E nós temos 51% do que é vendido na CEASA
vindo de fora do Estado do Rio Grande do Sul, e nós temos de 30 a 40 % da nossa
população, da Região Metropolitana, gente que veio da agricultura, que veio da
criação, que sabe plantar, que é profissional da lavoura, que hoje praticamente
tem que mendigar para sobreviver, porque os salários são miseráveis. Os
companheiros da Cooperativa COOTRAVIPA que estão aqui, que são da Grande
Cruzeiro, estão um pouco melhor porque são cooperativados, não são explorados
como são nas empreiteiras, o pessoal que ganha salário mínimo, salário de fome,
mas eles também vivem com dificuldade, e têm que estar hoje na Câmara para
fazer pressão, para que seja aprovado um Projeto, fazer pressão para que seja
votada a suplementação, para que eles possam receber o pouco de dinheiro que
eles têm direito. Vejam a que ponto chegou a situação da nossa gente, isto é
uma vergonha do Rio Grande, isso não é culpa do Governo Federal, nós que deixamos
os paulistas tomarem conta daqui. Eu tenho muito medo de homenagens. Prestar
uma homenagem aos Farrapos, que deram sua vida a uma causa, sem propor uma nova
guerra dos farrapos, não considero válido, e nós temos que desencadear uma nova
guerra dos Farrapos, a começar pela reforma agrária aqui dentro da nossa
Cidade. Nós temos 60, 70% e aqui está o Deputado Francisco Medeiros, de
Cachoeirinha, da Região Metropolitana, área agricultável de boa qualidade. Nós
temos, alguém vai dizer como é que vamos competir com os paulistas? Ora, se nós
temos área, se nós temos só em matéria do que a cidade joga fora, 300 toneladas
dias, só falando de Porto Alegre, de matéria orgânica que pode servir para
alimentação de animais. Quanto isso vai render de adubo? Se nós estamos
próximos ao Mercado, o que acontece hoje? Se faz criação de porcos clandestina,
através do lixo, porque não há política agrícola.
Quero
lembrar um fato que, por muitas vezes, um fato explica melhor que muitas
palavras. Eu disse que, nestes anos todos, convivendo com os vileiros da Grande
Porto Alegre, eu fiz uma guerra muito grande com os criadores de porcos dentro
das vilas e, há um ano e meio atrás, eu fui com o Diretor do DMLU na Vila
Tronco, na Grande Cruzeiro, junto com o Promotor Público, para enquadrar
criminalmente o criador que estava criando porcos no meio da Vila, no meio das
crianças. Mas quando vi aquele criador buscar comida na lancheria, separava os
palitos, limpava aquele chiqueirinho simples, mas limpo, eu disse ao diretor do
DMLU e ao Promotor Público: “Não é esse homem que temos que enquadrar
criminalmente, nós temos que enquadrar criminalmente um Poder Público Municipal
ou Estadual que não é capaz de dar condições a esse homem, que é criador, que é
plantador, para ter um lugar adequado para criar”. Tem que enquadrar
criminalmente é o Poder Público não esse vileiro que cria em lugar inadequado.
Volto a
dizer: nós temos 60% a 70% da Região Metropolitana agricultável de boa
qualidade. Isso é suficiente, isso não é culpa dos paulistas, isso é culpa
nossa, dos nossos governos, dos nossos Legislativos, da nossa sociedade. Há um
ano e pouco, eu prego feito voz no deserto. Já fizemos reunião com o Sr.
Prefeito, já fizemos pronunciamento nesta Câmara, já fizemos visitações, já foi
aprovado pelo secretariado; votei no Governador Alceu Collares, Ver. Dilamar
Machado para poder cobrar dele este compromisso, dele e do Dep. Aldo Pinto,
Secretário da Agricultura, mas, se nos próximos meses, nada for feito para
resolver essa equação, estou propondo, desde já, uma luta, pela qual também
estou convocando o movimento tradicionalista. Nós vamos fazer um grande
acampamento dos sem-terra e dos sem-teto aqui no Parque da Harmonia, ou
Estância da Harmonia, ou Maurício Sirotsky, sei lá, chamem como chamar, mas é
um grande parque abandonado, que só se dá uma penteada na Semana Farroupilha,
nem a cancha reta funciona durante o ano, nada funciona. Enquanto poderíamos
estar aqui no nosso Parque da Harmonia, fazendo a cancha reta, a gineteada,
toda a tradição gaúcha. Trazer, fazer a horta demonstrativa; a demonstração da
criação de animal de pequeno porte, para que as pessoas que vêm assistir o
espetáculo gaúcho sejam estimuladas a plantar; durante a semana, venham os
colégios visitar isso aí, estimular o gosto pela terra. Então, se nada for
feito, eu estou anunciando, porque já estou organizando e vou contar, também,
com o Ver. Edi Morelli, Ver. Gert, que está me apontando. Estou convidando os
companheiros do movimento tradicionalista, estou convidando o meu povo da vila,
vou convidar os sem-terra e vamos montar um grande acampamento. E vamos fazer
funcionar na marra esse Parque da Harmonia, essa Estância da Harmonia, que é
feita exatamente para isso. Nós vamos sustentar o acampamento com a cancha
reta, com a gineteada, com o espetáculo gauchesco, vamos sustentar esse
acampamento para os sem-terra. Estou conclamando a todos os Vereadores, a todos
os movimentos para essa arrancada da Nova Revolução Farroupilha, se não de nada
vale, de nada vale homenagear os Farrapos. É uma ofensa aos Farrapos, se nós
não decretarmos a Nova Guerra dos Farrapos pela independência do Rio Grande,
pela dignidade do nosso povo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, que fala em nome da sua Bancada, o
PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato; Ver. Wilson Santos;
Tenente-Coronel Bento Matusalém de Vasconcelos, representando o Comando da
Brigada; Dr. Ieno Severo, representando o MTG. Deputado Francisco Medeiros, representando
a Assembléia Legislativa, ex-Prefeito de Cachoeirinha; Prezado Padre; Srs.
Vereadores; membros do Movimento Tradicionalista. A partir da década de 1940,
quando se criaram os primeiros centros de tradições, a partir do Trinta e
Cinco, o tradicionalismo gaúcho assume um papel importante no culto às
tradições do nosso Estado e no revigoramento daquilo que se pretende como a
cepa da alma gaúcha. Verdade é que o Movimento Tradicionalista foi criado com
uma amplitude maior do que aquela que se verifica hoje. Devo dizer isso com
toda fraternidade e lealdade aos companheiros. O Movimento Tradicionalista não
visa apenas a dança, a música, os aspectos exteriores do culto às tradições.
Lamentavelmente, nós temos descuidado da outra parte. Eu começo falando, e devo
ser breve, porque me sensibiliza muito a história do Estado e tenho procurado
estudá-la. Gosto da história do Rio Grande, mas eu não a concebo como um fator
isolado. Nestes últimos dias, retomei a leitura de uma obra um pouco
complicada, porque ela é muito minuciosa, de um autor muito conhecido e por que
não querido, Alfredo Varella, nos seus dois volumes da “Política Externa do
Império”, diz que a Revolução Farroupilha foi separatista. Eu não partilho
dessa opinião. Parece que esta questão já está exaustivamente demonstrada. Mas,
se eu me refiro à obra de Varella e a sua tese do separatismo, e, na época – e
lendo com mais calma o autor – se verifica que havia interesses circundantes ao
Rio Grande, por um fato perfeitamente compreensível, a independência
brasileira, que havia ocorrido 13 anos antes, e que desembocara no Império,
continuava com o regime monárquico nas terras americanas, pertencentes a
Portugal e que se tornaram independentes e se transformaram no Brasil. As
jovens Repúblicas que tinham se tornado independentes da Espanha tinham adotado
regime republicano. Era um confronto de métodos de modelos de governo. Então, a
Província Cisplatina, que tinha se tornado independente fazia muito pouco, em
1928, a Argentina, pretendiam transformar o Rio Grande em mais uma cidadela
republicana do Continente Americano. E daí o esforço que fizeram para atrair os
revolucionários rio-grandenses para esta idéia, e, realmente, os
revolucionários gaúchos, os farroupilhas, foram republicanos, a ponto de se fundar
a República de Piratini.
Um dos movimentos precursores da
República, que ocorreria quase no final do século, aconteceu, aqui, em 1835.
Mas eu rememoro a leitura de
Alfredo Varella para citar um fato que já foi referido aqui e que acontece,
ciclicamente, a cada ano que se comemora a Revolução Farroupilha: o mal trato
que a União concede ao Rio Grande e continua concedendo. E aí vem à tona uma
outra questão: os movimentos separatistas que estamos observando, hoje, no Rio
Grande do Sul. Anacrônicos, é verdade, mas nem por isto falhos de alguma
consistência. É preciso que se debruce demoradamente sobre este aspecto,
porque, na crise de emocionalidade em que vive o País, não será difícil
arranjar adeptos para esta questão. Então, isto deve ser matéria de reflexão
nesta Semana Farroupilha. É preciso que o Movimento Tradicionalista, que as
forças políticas, que todas as consciências lúcidas deste Estado, deste País,
comecem a pensar, e que não é possível deixar o rio Grande na situação de
miserabilidade em que se encontra, caminhando, a cada dia que passa, mais
profundamente para o poço do desespero.
Não me ocorre outra homenagem
a prestar nesta Semana Farroupilha. Apesar do nome alemão de não ter,
aparentemente, nada a ver com a história do nosso Estado, eu me sinto
profundamente ligado a esta história, inclusive a dos Farrapos. Tenho a honra
de ter duas noras descentes de Farroupilhas; uma do Neto e a outra do
Canabarro. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. João Dib que falará em nome da sua
Bancada, o PDS.
O SR. JOÃO DIB: Exmº Sr. Presidente, meu caro Tenente-Coronel Bento Matusalém
de Vasconcelos, representando o Comando da Brigada Militar; Deputado Francisco
Medeiros; amigo Ieno Severo, Vice-Presidente do Movimento Tradicionalista
Gaúcho; Srs. Vereadores, meus Senhores, minhas Senhoras. É sabido que a
história se repete, e o Rio Grande vive outro momento igual ao momento dos
Farrapos. Nós estamos sendo discriminados. Nós estamos sendo alijados do
processo de desenvolvimento que deveria comandar todos os atos deste País. Mas,
se a história se repete, eu não diria o mesmo dos homens. Aquela honra, aquele
culto à honra, à dignidade, aquela responsabilidade, aquela seriedade está
faltando, não está presente, não está sendo repetida nos homens que fazem a
história de hoje. Fizemos uma Constituição, recentemente, que fraudou a
expectativa do povo brasileiro. Os homens que tinham a responsabilidade de
representar o País, de norte a sul, de leste a oeste, fizeram um documento que
até hoje não foi completado, que já está precisando ser mudado, já se reunindo
para mudar sem pensar muito na responsabilidade que tiveram muitos dos que
ainda lá estão em fazer aquele documento. Então, o que precisamos, quando
cultuamos a nossa História, quando reverenciamos o nosso passado, era preciso
imitar os homens daquele tempo, onde a palavra valia o que documentos, hoje,
não valem, onde as pessoas tinham amor à terra e o amor à pátria e não apenas
buscavam soluções pessoais para si e seus familiares e seus amigos; a pátria
era maior do que cada um, a pátria eram todos, mas, hoje, apenas fazemos leis,
mais leis. Não exigimos nem que elas sejam cumpridas, porque faremos novas nos
dias seguintes; esquecemos das responsabilidades, da seriedade. É muito bom que
se façam reuniões como estas, porque, de repente, é possível que volte aos
nossos corações e às nossas consciências o sentimento de honra e dignidade que
deve presidir a vida de todos os homens públicos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Elói Guimarães, em nome do PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES:
Ver. Airto Ferronato, no exercício da Presidência
dos trabalhos; Tenente-Coronel Bento Matusalém de Vasconcelos, representando a
nossa Brigada Militar; Ieno Severo, Vice-Presidente do Movimento
Tradicionalista Gaúcho, amigo, ex-patrão do Tiaraju; Dep. Francisco Medeiros,
homem ligado às coisas do Rio Grande do Sul, às tradições, à cultura do Rio
Grande; Padre Osmar, Pároco do nosso Sarandi, aqui pilchado; patrão Antônio e a
patroa do nosso Ponche Minuano. Eu queria dedicar, aqui, falando em nome do
PDT, as nossas palavras pela manutenção do nosso CTG, lá onde se encontra, no
Parque Chico Mendes, uma luta que temos travado ao longo desses últimos meses.
E, lá no canto, quase que oitavada, a Cruz Tosca, não é a cruz missioneira,
Ieno, cruz que simboliza a fé do gaúcho, a fé da prenda nas nossas raízes, nas
nossas tradições, enfim, nos valores que nós, aqui, do Rio Grande do Sul,
cultivamos com tanta fé, com tanta força. Nós poderíamos, hoje, desenvolver
algumas idéias vinculadas às raízes ideológicas do Movimento Farrapos. Eu,
também, dizia antes, partidarizo que o Movimento Farroupilha, antes de ser um
movimento separatista, foi um movimento de integração nacional. Estão, aí, nas
letras gaúchas e nas letras rio-grandenses aquela passagem magnífica de Davi
Canabarro, quando, diante do oferecimento de tropas aos farrapos, já com sua
cavalaria dizimada, dizia: “o primeiro soldado que atravessar a fronteira nós
escreveremos, com o seu sangue, o convênio de paz com os imperiais”. Então, o
Movimento Farroupilha foi um movimento de integração nacional. As bandeiras do
movimento, e aqui se disse muito bem, elas se situariam no contexto atual, as
reivindicações do Estado, marginalizado pelo Império, pela monarquia, o
tratamento discriminado, as políticas fiscais arrochando a economia gaúcha, a
questão ligada a nossa economia básica, o charque e o sal. Mas, maior do que
essas reivindicações específicas nas bandeiras da revolução, se encontrava uma
grande legenda que era a República e a Federação. É na República e na Federação
que se concentra a grande plataforma de luta da gente guapa gaúcha do movimento
Farroupilha, no sentido de transformar, de fazer dos Estados, e, naquela época,
a Província de São Pedro, num Estado de autonomia. E por aí se vai. Nós
poderíamos discorrer nesse aspecto. Mas, em face do comparecimento aqui das
nossas prendas, dos nossos patrões, nós vamos redirecionar o nosso discurso
exatamente para falar no movimento que mantém viva a alma da legenda de 1935,
do Movimento Farroupilha, que são aqui os nossos CTGs e todo esse conjunto de
atividades que se desenvolvem nos nossos CTGs. Eu quero cumprimentar o autor
desta Sessão, para que se transforme este ato, no ano que vem, numa semana de
reflexões, de debates, de análises e de estudos sobre este grande movimento que
foi o Movimento Farroupilha, epopéia das mais dignas da história nacional. Mas
o nosso Movimento Tradicionalista Gaúcho, nas suas mais diferentes áreas, quer
nas suas áreas culturais, quer nas nossas invernadas artísticas, quer no
movimento campeiro, nas invernadas campeiras, é todo um simbologismo, é toda
uma cultura que mantém viva as nossas tradições. Então, aos nossos CTGs, a
nossa gente, aos nossos guascas, as nossas prendas, e quando falo em prenda me
vem à mente o trecho de um verso: “... a china eu nunca mais vi, no meu
gauderiar de andejo; talvez em sonhos a vejo em bárbaro frenesi. Talvez ande
por aí, no rodeio das aguadas ou, talvez, nas madrugadas, seja uma estrela
xirua, dessas que se banham nuas nos espelhos das aguadas”. E aquele outro, do
nosso Glauco: “... amargo doce que eu sorvo, num beijo em lábios prata, tens o
perfume da mata molhada pelo sereno. E a cuia, seio moreno que passa de mão em
mão, traduz meu chimarrão, em sua simplicidade, a velha hospitalidade da gente
do meu rincão. Trazes a mim a lembrança deste teu sabor selvagem, a mística
beberagem do feiticeiro charrua, e o perfil da lança nua encravado na coxilha,
apontando firme a trilha por onde rolou a história, empoeirada de glórias, da
tradição Farroupilha. Em teus últimos arrancos, no ronco do teu findar, ouço um
potro corcovear na imensidão deste pampa, e em minha mente se estampa, ecoando
nos confins, a voz febril dos clarins repenicando “avançar”. Então me fico a
pensar, apertando o lábio assim, que o amargo que está no fim, a seiva forte
que sinto é o sangue de 35 que volta verde para mim”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ouviremos, agora, a apresentação de uma música executada pelo Dep.
Francisco Medeiros e seu irmão Valdir Medeiros.
O SR. FRANCISCO MEDEIROS: Boa tarde a todos
aqui presentes. Sr. Presidente da Câmara de Vereadores, Srs. Vereadores, Srs.,
Sras, Srtas, tradicionalistas! Para nós, é motivo de
alegria fazer esta homenagem no dia de hoje a todos vocês e também à nossa
Semana Farroupilha.
O SR. VALDIR
MEDEIROS: Meu abraço também a todos
amigos e companheiros aqui presentes, principalmente nesta ocasião tão oportuna
da abertura, nesta Casa, da Semana Farroupilha. Nosso abraço também e
principalmente aos farroupilhas e aos tradicionalistas. Boa tarde a todos!
O SR. FRANCISCO
MEDEIROS: Então, vamos cantar uma
música que fala na mulher bonita do nosso Rio Grande do Sul, a “Chinoca
Bonita”.
(É feita a apresentação da música “Chinoca Bonita” pelos Irmãos Medeiros.)
O SR. FRANCISCO
MEDEIROS: Oferecemos mais uma
homenagem aos Vereadores e aos tradicionalistas presentes. Pois nada melhor que
a música “Céu, Sol, Sul, Terra e Cor” para homenagear a todos os presentes.
(Cantam a música.) (Palmas.)
O SR. FRANCISCO
MEDEIROS: Queremos agradecer aos
Vereadores, ao Presidente, autoridades presentes, a toda a comunidade.
Um
abraço dos Irmãos Medeiros.
O SR. PRESIDENTE: Nossos cumprimentos em nome da Mesa Diretora
da Câmara Municipal, em nome dos Vereadores, à apresentação do Dep. Francisco
Medeiros e do Sr. Valdir Medeiros pela execução dessas maravilhosas cantigas do
nosso Rio Grande do Sul.
Concedemos
a palavra ao Sr. Ieno Severo, Vice-Presidente do Movimento Tradicionalista
Gaúcho.
O SR. IENO SEVERO: Exmº Sr. Presidente em exercício,
Ver. Airto Ferronato; Ilmº Sr. Tenente-Coronel Bento Matusalém de
Vasconcelos, representando nossa briosa Brigada Militar; Exmº Sr.
Deputado Francisco Medeiros; ilustre Peão de Cristo, Padre Osmar Ristes; Exmos
Srs. Vereadores, patrões, prendas, senhoras e senhores aqui presentes,
acostumado a falar na simplicidade dos galpões aos peões e às prendas por este
rincão a fora na função que temos dentro do PMDB; vejo-me neste momento,
pequeno, a falar na Casa do Povo, nesta tribuna, onde nossos legisladores aqui
trazem as suas idéias preocupados com aquilo que é melhor para o nosso povo,
para os nossos cidadãos da nossa Porto Alegre. É de certa forma uma
responsabilidade e os fluidos, os tinos que aqui ficam quero ver se os colho
para, neste momento, também deixar a todos os senhores a mensagem do Movimento
Tradicionalista Gaúcho, oportunidade em que este Movimento por mais um ano
comemora e reverencia a Epopéia Farroupilha. O Movimento Tradicionalista Gaúcho
hoje congrega 1520 entidades filiadas, perfazendo um total aproximado de 3
milhões e 500 mil adeptos, uma força muito positiva que se souber ser usada só
pode servir para fortalecer, cada vez mais, o nosso Rio Grande tão espezinhado,
tão solapado, tão espoliado, como vem sendo através dos tempos. Ouvi alguém
dizer, não faz muito, que por muito pouco ou menos do que está acontecendo
agora, os Farrapos se levantaram em armas contra o Poder Central. Os tempos,
evidentemente, mudaram, mas estamos sentindo na carne os problemas que aí
estão. Não podemos sair em armas para fazer valer os nossos direitos, mas o
Movimento Tradicionalista, com o potencial que tem, com a sua força em todo o
Rio Grande e até fora dele, tem a obrigação e aqui vale as palavras do nosso
querido Ver. Lauro Hagemann que está faltando alguma coisa no Movimento, que
ele está um pouquinho desvirtuado da finalidade para qual foi criado e é isso
exatamente que estamos procurando reavivar. Glauco Saraiva nos deixou uma bússola para o Movimento
Tradicionalista Gaúcho, que é a Carta de Princípios. Recentemente, em Santa
Maria, fizemos um estudo aprofundado da Carta de Princípios para levar, para
dar maior conhecimento aos nossos companheiros tradicionalistas, porque se nós
observarmos o que ali está, o Rio Grande está salvo, porque vai congregar a
nossa força, a nossa união. O tradicionalista não usa bombacha para ir a
fandangos, existe uma série de preocupações, inclusive obrigações, de
participar ativamente auxiliando o Estado e os Governos na sua atividade em
prol do bem da comunidade. Nossa obrigação não é só interna dentro dos galpões,
nós temos que sair para as ruas junto com os nossos políticos sejam quais forem
as cores partidárias, junto com os nossos companheiros seja qual for a cor do
lenço. Essa é a nossa obrigação: trabalhar pela nossa comunidade. Levar o Rio
Grande no peito, mas levá-lo com coragem. Todas as Semanas Farroupilhas, meus
companheiros, a primeira coisa que se faz é trazer e fazer o acendimento da
Chama Crioula, no último dia, no dia 20 a sua extinção. É um ato simbólico, mas
a verdadeira chama tem que estar acesa dentro do nosso peito, dentro do nosso
coração, do nosso sentimento para fortalecer cada vez mais a nossa fé, o nosso
Rio Grande, o nosso Brasil. Essa é verdadeira chama que nós temos que
conservar, a outra é simbólica, é para reverenciar a memória daqueles que
batalharam por nós para fazer um Rio Grande melhor, tirar o Rio Grande do peso
que estava suportando o nosso Governo Imperial.
Meus
companheiros, eu fui convidado, assim quase que de última hora, na
impossibilidade do nosso companheiro Presidente aqui estar, mas vim com alegria
porque sei que aqui não pesa a preocupação da retórica discursiva, mas sim na
simplicidade do que se fala e do que se sente. E é com essas palavras que eu
quero Srs. Vereadores, Srs. Patrões e Prendas, pedir ao Patrão Celeste, ao
nosso Grande Arquiteto do universo, que é nosso patrão da estância do céu, que nos
ilumine a todos, companheiros tradicionalistas, para que se conscientize da sua
verdadeira missão dentro do contexto tradicionalista gaúcho, e para que ilumine
sempre os nossos queridos Vereadores que aqui estão para lutar pelos interesses
da comunidade. E todas as Leis, e tudo que aqui for decidido nesta Santa Casa
seja consentâneo com os interesses da comunidade. Que Deus nos ajude cada vez
mais e que assim seja. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ilustres Componentes da Mesa, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, a
partir desse momento, aqui na Câmara Municipal, teremos, simultaneamente, dois
encontros. No Plenário pequeno, nós, os Vereadores, estaremos discutindo e
votando uma série de Projetos; e, aqui, neste Plenário, haverá uma missa
Crioula, rezada pelo Padre Osmar da Igreja São José Operário. Haverá, também, a
apresentação de invernadas artísticas e danças de fandango. Tudo isso sob a
coordenação do Ver. Wilson Santos; em nome da Mesa Diretora da Câmara
Municipal, em nome dos Srs. Vereadores, queremos registrar esse momento,
aproveitar essa oportunidade para cumprimentar a todos os presentes e as
autoridades que compõem a Mesa.
Suspendemos os trabalhos por dois
minutos. Boa tarde a todos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h51min.)
O SR. PRESIDENTE (às
15h58min): Dou por reabertos os trabalhos da presente Sessão
Ordinária. Está inscrito em tempo de Liderança o Ver. João Dib, pela Bancada do
PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há pouco, no outro Plenário, saudando
a Revolução Farroupilha, nós falávamos em responsabilidade, seriedade, honra,
dignidade e competência.
E, em nome destes atributos que
todos os Vereadores desta Casa têm, eu estou encaminhando Requerimento ao
Presidente da Câmara Municipal, para que convoque o secretário de Administração
e o Secretário da Fazenda, já que para a Comissão de Finanças não chegaram os
documentos e há lesão, sem dúvida nenhuma, no bolso do municipário. E dignidade
e honra faz com que nós exijamos o cumprimento da lei que não está sendo
cumprida, está sendo desrespeitada. E se nós não fizermos cumprir a lei, é bom
que se feche a Casa, porque não tem necessidade da Casa.
Eu estou dando entrada com um
Requerimento nesse sentido. (Lê o teor do aludido Requerimento.)
E também dei entrada no
Projeto de Lei que revoga os artigos 1º e 2º, 6º e 7º da Lei nº 6855, de 9 de
julho de 1991. E vou distribuir aos Líderes de Bancada, e já fiz à Bancada do
PDT, cópia do documento, para que, aperfeiçoando, possamos fazer com que o
Executivo cumpra com a sua responsabilidade, porque vivemos um momento em que
está sendo relegada a dignidade e a honra a um plano secundário e nós não
podemos fazer isso. Ou se fazem leis para serem cumpridas, ou se jura o
cumprimento da lei e se cumpre, ou então se fecha o Parlamento, porque dele não
teremos nenhuma necessidade. Lei é feita para ser cumprida e o Executivo
Municipal tem desrespeitado esta Câmara. Modificou com uma Lei Ordinária uma
Lei Complementar. Teve o seu Veto derrubado nesta Casa, e continua aplicando a
Lei da forma que bem entende. Ou nós temos a responsabilidade de exigir o
cumprimento da Lei Orgânica jurada, duas vezes pelo Prefeito Municipal, e duas
vezes por nós também, ou então eu não sei o que nós estamos fazendo aqui. A
população espera uma explicação de quanto é que custa o servidor público
municipal, que é razão de todo o posicionamento da Cidade. Ontem, o
Vice-Presidente, Ver. Airto Ferronato, colocava aqui que nós gastamos 30% em
educação; mas 30% de educação é gasto com pessoal, na maior parte. Então nós
vamos querer que o Executivo nos explique com clareza o que está fazendo com o
dinheiro do servidor municipal, além de colocar em CDB’s. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à verificação de “quorum” para a Ordem do Dia.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC” (Vicente Dutra): (Procede à verificação
de “quorum”.) Sr. Presidente, presentes no Plenário 18 Srs. Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”. Questão de Ordem com o Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, na verdade, é para formular um
Requerimento. Sr. Presidente: requeiro que passemos à votação do Proc. nº
0941/91, imediatamente; todos temos conhecimento da mobilização dos
companheiros da COOTRAVIPA.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já recebeu Requerimento idêntico.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, como não tenho o espelho, creio que agora já há uma
alteração. O que vai ser votado já não é mais à Cooperativa, mas, sim, para
todas as cooperativas, de acordo com o substitutivo. Não é só para esta
entidade, mas para todas que se incluírem dentro dos requisitos que a
COOTRAVIPA mantém. É Isso?
O SR. PRESIDENTE: Correto.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, na discussão, vamos esclarecer, debatendo, que o
Substitutivo de minha autoria foi exatamente atendendo a algumas observações
técnicas da Assessoria Parlamentar da Casa.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão
de Ordem): Sr. Presidente, eu perguntaria quando entrou este
Substitutivo do Ver. José Valdir e se, por ventura, correu Pauta.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Pauta correu no dia 16 de setembro, até porque o Projeto
está incluído na Ordem do Dia por força do art. 81, da Lei Orgânica Municipal.
Portanto, requer, apenas e tão-somente, uma Pauta.
Informamos que não há qualquer
Emenda ao PLL nº 053/91. Passamos, portanto, à
PROC. Nº 0941/91 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
053/91, de autoria do Ver. José Valdir, que isenta do
pagamento do ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – a
COOTRAVIPA. Com Substitutivo nº 01.
Observação:
- Incluído
na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 053/91. (Pausa.) O primeiro orador inscrito é o
Ver. Artur Zanella para discussão.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu declaro, de primeira, para evitar
murmúrios, que eu vou votar a favor e depois disso quero dizer que votarei a
favor apesar de que, evidentemente, este tipo de isenção deve ter origem no
Poder Executivo e se o Sr. Prefeito está interessado em dar esta isenção, como
imagino que esteja, porque o Projeto é do Diretório do Partido dos Trabalhadores,
seria mais fácil que o Prefeito encaminhasse para cá, porque daí não ficaria
esta dúvida se vai vetar ou não, porque ele tem vetado, sistematicamente, todos
os projetos que, de uma ou outra forma, tratam de isenções. Esta isenção, que
eu vou votar a favor, repito, ela deforma uma licitação feita nesta Cidade. Foi
feita uma licitação, que não sei se é concorrência ou tomada de preços, pela
qual competiram empresas e competiu a cooperativa. A cooperativa deu um preço
menor. Como é que esse preço menor foi obtido, Ver. Vieira da Cunha e Ver.
Vicente Dutra, que foram diretores do DMLU?
É porque agora vamos tirar o
ISSQN.
Então, enquanto as empresas
concorreram com o ISSQN embutido, a cooperativa concorreu sem o ISSQN, que
agora vamos tirar.
Para mim, tudo bem. Vou votar a
favor. Só que vamos ter a possibilidade de um processo, seja lá o que for, das
empresas que perderam a licitação. Quanto a isso, me parece claro. Depois,
aqui, pelo Substitutivo em que o nome da cooperativa é retirado, mas com uma
fotografia da cooperativa, mas tão flagrante que só falta dizer que é a
cooperativa, porque estão lá colocadas todas as circunstâncias que dizem com
essa cooperativa, que é uma verdadeira fotografia dela. É como se dizia
antigamente, quando era jovem: podes casar com qualquer pessoa, desde que seja
o João.
Vou votar a favor. Só quero que
fique claro que voto a favor apesar dessas condicionantes, porque acho que
temos que dar força a essa cooperativa. Aí estamos abrindo novos caminhos. E
aconselho à cooperativa, quando entrar numa licitação, posteriormente, que já
calcule isso, porque não é sempre que ela vai ter esse tipo de isenção, com
todo o respeito ao Ver. José Valdir. Se o Prefeito estivesse interessado nisso,
poderia encaminhar como já encaminhou uma série de projetos deste tipo. Queria
apenas, no início da discussão levantar essas questões, porque esse é um
precedente que estamos abrindo, muito grande. Já abrimos, ontem, ou anteontem,
um precedente, a respeito de entidades consideradas de interesse público. Na outra
legislatura abrimos outro precedente, que foi vetado pelo Prefeito e nós
aceitamos o Veto. Estamos fazendo isso novamente. Estou só alertando.
Voto a favor e espero que os
outros Vereadores também o façam. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: (Lê Requerimento de autoria do Ver. João Dib a
respeito do pagamento da diferença de percentual do aumento concedido aos
funcionários públicos municipais.)
Continuamos
na discussão do Proc. nº 0941/91. Com a palavra o Ver. Heriberto Back.
O SR. HERIBERTO BACK:
Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, companheiros membros da Cooperativa. Pelo que conheço deste
Plenário, esse Projeto vai ser aprovado, por isso, não gostaria de espichar a
discussão. Mas não poderia deixar passar em branco algumas observações feitas
pelo Ver. Zanella que acho que devem ser colocadas nos seus devidos termos. O
que ele defendeu, é um ponto de vista e tem lógica, agora, como todo ponto de
vista é a vista de um ponto, eu vou colocar sob outro ponto de vista.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Só para dizer que apenas lembrei algumas coisas e que defendi a
aprovação do Projeto, só isso.
O SR. HERIBERTO BACK:
V. Exª disse que ia votar
a favor do Projeto, embora tivesse objeções ao mérito em alguns sentidos.
O Sr. Artur Zanella: E pedi que os demais Vereadores também o
fizessem.
O SR. HERIBERTO BACK:
Eu não me importo muito
com a chamada legalidade; importo-me mais com a legitimidade. E se esse Projeto
é legítimo, mesmo que o Prefeito o vete por questões legais, seguramente a
Câmara derrubará esse Veto por questões da sua legitimidade e esse Projeto
perderá aquilo que se chama de vício de origem. O Ver. Artur Zanella disse que
a Cooperativa, legalmente falando, acaba sendo favorecida nas licitações porque
a empresa tem que pagar o ISSQN e Cooperativa não tendo que pagar esse imposto,
entra, poder-se-ia dizer, numa concorrência desleal. Vejam, do ponto de vista
absolutamente legal, isso é verdadeiro, mas do ponto de vista da legitimidade não
tem nada a ver. Pergunto: vocês conhecem alguma empresa, nesta Cidade ou em
qualquer parte do mundo, que pague imposto, qualquer tipo de imposto? Todo o
imposto é cobrado do operário! Nenhuma empresa empreiteira do DMLU paga
imposto, ela retira dinheiro do seu operário que ganha salário-mínimo para
pagar o ISSQN e os outros impostos, e o lucro que vai para uma empresa, no caso
a Cooperativa, é dividido entre os cooperativados. A empresa não paga, ela
surrupia dos seus operários pagando salário mínimo, tratando mal os seus
empregados. Essas questões têm que ser colocadas nos seus devidos termos, por
isso é que digo que todo o ponto de vista é a vista de um ponto, essa história
de concorrência pública, meus caros companheiros Vereadores, tenho muita objeção
a ela porque ainda não vi lugar onde mais se roube do que na concorrência
pública. Não é no caixa que se rouba, e isso o governo do meu Partido já devia
ter aprendido! Dou um exemplo, em nome da legalidade, as obras da Glória, da
minha zona, foram feitas quase pelo dobro do preço! Nós tínhamos acertado com
pequenas empreiteiras um preço bem mais barato, mas em nome da legalidade,
abriu-se a concorrência pública e na concorrência pública não há concorrência,
eles acertam! Pergunto: isso é legítimo? Isso é roubar dinheiro do povo. Queria
apenas registrar isso e não quero nem espichar esse assunto porque sei que os
Vereadores todos são sensíveis
O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exª tem um ponto de vista a respeito desta matéria, quero lhe dar
razão, mas quero que fique registrado, e gostaria que a imprensa, presente na
Casa, também registrasse, e publicasse isto. É uma denúncia, das mais graves
que já foi dita desta Casa, principalmente, agora com o Governo Popular. Obras
de saneamento e urbanização do Bairro Glória, o Município de Porto Alegre
gastou muito mais dinheiro do que deveria gastar, porque – V. Exª empregou o
termo – surrupiaram através de concorrência pública. Esse fenômeno está
ocorrendo com o Governo de V. Exª. É uma acusação muito grave.
O SR. HERIBERTO BACK:
Mais grave do que esta
denúncia é isto ser novidade dentro de uma Câmara de Vereadores, quem não sabe
isto em Porto Alegre e no Brasil, e no Mundo. Quem não sabe disto?
O Sr. Omar Ferri: Se V. Exª trouxe provas me comprometo de
formular a denúncia à Delegacia de Polícia hoje mesmo.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Me congratulo com V. Exª até vou acrescentar algo que aconteceu com
este Vereador. Quando era Presidente da Associação de Moradores da Vila
Restinga, há 3 anos atrás, foi construída uma sede de 100 m². Na época, os
cheques que assinei que vieram da Metroplan davam para construir 15 sedes
daquela, isto os consultores me falaram, pelos valores repassados. Vinham os
cheques da Metroplan, e a Associação tinha que remeter os documentos de volta
ao empresário que estava construindo a obra. Dava para construir 15 prédios.
Também apoio seu pronunciamento, porque certas licitações são uma vergonha. Tem
gente vendendo pão para o Governo do Estado desde o tempo do Amaral, para as
cadeias há cinco mandados de Governador. O Ver. João Dib não gosta que se fale
disto, mas a vigarice campeia. Apoio o Ver. Heriberto Back.
O SR. HERIBERTO BACK:
Fiquei honrado com o seu
aparte, Vereador. Efetivamente, eu não estou aqui acusando o Governo do PT,
estou acusando é a legislação desse País. E nós, como Parlamentares, temos que
aprender a nos rebelar contra a legislação desse País, porque somos nós,
amanhã, Deputados ou Senadores que faremos esta legislação. Eu acuso o Governo
do PT por não ter se rebelado contra esta legislação, porque há formas também
de burlar essa legislação, porque havia forma, nem falo em convivência, medo,
muito legalismo. Por isto que eu não apresento nenhum Projeto de Lei, porque
acho que não é lei que está fazendo falta neste País, está faltando, é vergonha
e bom senso, saber viver e deixar viver.
Estes
trabalhadores que estão aqui pagam muitos impostos, eles não vão pagar o ISSQN,
mas eles pagam todo o ICMs, porque tudo que eles compram em qualquer
supermercado, não é o dono do supermercado que recolhe impostos, é tirado de
todos os trabalhadores, dos operários de supermercados, os que trabalham nas
indústrias. O IPI, é tirado dos operários, nenhum industrial paga imposto.
Então vamos acabar com esta hipocrisia, dizendo que vão isentar os
trabalhadores de pagar impostos, isentar as empresas, que as empresas seriam
desfavorecidas.
Quero
render uma homenagem aqui aos companheiros da COOTRAVIPA, pelo belo trabalho
que desenvolvem nesta Cidade, porque o DMLU trabalha bem, porque a Cooperativa
trabalha bem. E vão à Cruzeiro e vão às Vilas ver o trabalho que eles fazem.
Em nome
da legitimidade, do trabalho que desempenha esta gente eu peço apoio a este
Projeto em nome da legitimidade.
Infelizmente
não poderia considerar todos os apartes, porque o meu espaço é só de dez
minutos.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA
CUNHA: Sr. Presidente,
companheiros Vereadores, eu vou evitar entrar nessa discussão que o Ver.
Heriberto levanta, porque é muito polêmica e não diz respeito diretamente ao
Projeto e aos interesses desses trabalhadores que estão nos visitando. Poderia,
inclusive, Heriberto, com todo o respeito que V. Exª merece e que tem, desviar
o rumo da discussão desse Projeto. Acho que a discussão do Projeto tem que ser
centrada no que é essa Cooperativa. Tenho impressão que nem todos os
companheiros, Vereadores, conhecem a história dessa cooperativa, o seu conteúdo
de serviços, o que representa para a comunidade, principalmente, na Grande
Cruzeiro, e os motivos que levaram a sua contratação e porque que ela, apesar
de todos os percalços, das dificuldades, porque ela continua forte e se
fortalece a cada dia.
O Sr. Heriberto Back:
V. Exª permite um parte?
(Assentimento do orador.) Eu queria dizer que V. Exª tem razão e espero que V.
Exª, que foi um dos primeiros que ajudou essa Cooperativa, lembre um pouco aos
Vereadores o que significa isso, para citar o Senhor como ex-Diretor do DMLU.
Agora, quero dizer que não desviei, apenas não podia deixar de contestar o Ver.
Zanella, quando se diz que o empresário paga imposto. Todo imposto é pago pelo
trabalhador, não conheço um imposto, não poderia deixar passar em julgado o
pronunciamento.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Vieira da Cunha, queria apenas lembrar, ao Ver. Heriberto Back,
duas coisas neste aparte feito no pronunciamento de V. Exª. Primeiro, que, não
posso bater palmas para o trabalho que esta Cooperativa realiza, porque, para
eu bater palmas para o trabalho que esta Cooperativa realiza, o DMLU deveria
revogar a última concorrência em que retirou a Cooperativa de participar. A
Cooperativa ficou fora da última concorrência, porque faltavam dois papeizinhos
para formalizar e passou a pagar para uma empresa que venceu a concorrência de
varrição, de capina, retirada de lixo, quase três vezes mais o que cobra a
Cooperativa. Veja bem, Vereador, se a Administração Popular reconhecesse o
trabalho da Cooperativa, por certo não teria deixado fora estes trabalhadores e
dado o serviço para uma empresa. E, em segundo lugar, quero lembrar a V. Exª
que agora estou dando razão a V. Exª, só agora descobri, Ver. Zanella, porque que
o recurso orçado no Plano Municipal para o Desenvolvimento Urbano não cobriu as
despesas de pavimentação das ruas da Bom Jesus. E, Ver. Adroaldo, as empresas
lá da sua associação comunitária andou cobrando muito mais do que várias obras.
Muito obrigado.
O SR. VIEIRA DA
CUNHA: Vou ceder o aparte ao
Ver. Zanella, mas quero lembrar que gostaria de me pronunciar a respeito do
Projeto. Vou pedir a colaboração dos companheiros para que, depois que o Ver.
Zanella se manifeste, deixe o orador que está na tribuna, também, se
manifestar. Pois não, Ver. Zanella.
O Sr. Artur Zanella: Eu só quero dizer que sei que quem paga o
imposto, na verdade, é o DMLU, só que eu citei – V. Exª é advogado, o Ver. Back
é advogado – que se alterará a concorrência. Acho que, se a Cooperativa
entrasse numa concorrência já com a isenção, não tem problema nenhum. Ocorre
que ela entrou, teoricamente, pagando e, agora, iremos dar isenção. Eu não
tenho empresa de limpeza, estou dizendo que poderá uma dessas empresas se
rebelar dizendo que efetivamente era uma condição de entrar e, agora, é outra.
Vou votar a favor da Cooperativa, a favor da isenção, e peço aos Srs.
Vereadores que votem também.
O SR. VIEIRA DA
CUNHA: Bem, então, eu gostaria,
feitos estes registros dos companheiros Vereadores, de dizer que tive a honra
de dirigir o DMLU durante quase dois anos, na Administração Collares. Entrei em
junho de 1986 e saí em maio de 1988, me desencompatibilizando para poder
concorrer a Vereador. Quero dizer que tentei, no Governo Collares, reduzir ao
máximo, e a minha meta inicial era acabar com os chamados serviços de
terceiros, porque estava convencido de que a prestação direta de serviços é
muito mais barata do que a contratação de empresas ou a contratação de
terceiros, seja via empresa privada, seja via cooperativa, ou qualquer outra
forma de contratação. E o meu raciocínio era lógico. Ora, se posso eu, DMLU,
contratar diretamente e pagar o salário para o trabalhador e garantindo-lhes os
seus direitos, por que contratar um terceiro que vai me cobrar a mesma coisa
que eu, como DMLU, teria que pagar e mais o seu lucro, como empresa privada, ou
no caso pró-labore, ou qualquer outra expressão, no caso de outras formas de
organização. Então a lógica parece-me meridiana e incontestável. Ocorre, e aí vem
o problema, que os órgãos públicos, que nós da Administração Collares herdamos
e que a Administração do PT também herda, eram órgãos públicos com vícios
administrativos, com distorções históricas do DMLU, por exemplo, que o Ver.
Vicente Dutra sabe bem, porque também foi Diretor-Geral, dificilmente se
encontrava gari que quisesse varrer rua; dificilmente se encontrava, e o Ver.
Vicente Dutra sabe, um gari que quisesse pegar na enxada, mas, assim é
impossível prestar serviço com o pessoal próprio da Casa. Eu mesmo tentei,
estão aí os registros do DMLU para dizer que nós chegamos a reduzir a quase
zero a contratação de serviço de terceiro na área de capina e na área da
varrição de ruas. Fiz contratação de operários diretamente pelo DMLU, assinando
suas carteiras. Ocorre, Ver. José Valdir, que, dois ou três meses depois, eu
encontrava operários no escritório, em outros serviços, no famoso desvio de
função. Tive, confesso, que voltar atrás, não totalmente, é claro, mas voltar
atrás em parte. E, aí, passei a me utilizar novamente desses serviços de
terceiros, mas priorizando, sim, uma forma que, no meu entendimento, é muito
melhor que a contratação do empreiteiro, chamado empreiteiro de mão-de-obra,
que é exatamente a proposta da cooperativa dos trabalhadores, que não há a
figura do lucro, ou seja, ninguém se apropria da força de trabalho dos outros.
É uma forma de organização dos trabalhadores em que o plus, e que não é plus
tarifário, mas o plus que o órgão
público paga é dividido entre esses trabalhadores. E é aí que está a grande
distinção entre o empreiteiro da mão-de-obra e a Cooperativa. Nos dois órgãos
públicos, no meu entendimento, Ver. Heriberto, sai perdendo. Se não houvesse as
distorções do funcionalismo público, os dois sairiam perdendo. Mas é preferível
que o órgão público dê o plus, para
que os trabalhadores dividam entre eles, do que seguir dando o plus para enriquecer um determinado
empresário. Era isso que vinha ocorrendo! Infelizmente, como salientou o Ver.
Clóvis Brum, que parece que continua ocorrendo, porque, apesar da cooperativa
ter condições de assumir esse serviço de mão de obra, de limpeza das vias
públicas e de capina, o DMLU contratou uma outra empresa privada para prestar o
mesmo serviço da cooperativa. Isso se justificava, Ver. Heriberto, quando eu
estava lá, porque nós recém estávamos iniciando; a cooperativa estava numa fase
que se poderia dizer de experiência, de teste, mas, agora, eu saí de lá em
1988, nós estamos em 1991, quer dizer, são quase três anos, pode me ajudar, que
a cooperativa presta serviço ao DMLU; ou ela presta bons serviços ou ela não
presta. Se ela presta bons serviços, o DMLU já tinha que ter eliminado as
empresas privadas e se servir somente da cooperativa; e, se ela não presta, já
tinha que ter eliminado a própria cooperativa, mas parece que continua a
questão ainda não resolvida nesse aspecto. Eu queria, portanto, finalizar, só
dando esse meu testemunho aos companheiros e pedindo que nós aprovemos esse
Projeto de Lei, mais do que isso, que cada um dos Vereadores dêem a sua parcela
de colaboração à cooperativa, todas às vezes que ela precise, a fim de que nós
possamos fortalecer essa prática de prestação de serviços à Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Finalizo, Ver. Ferri, não só no DMLU, no DMAE, na
própria centralizada, enfim, em todos os órgãos públicos do Estado que podem se
utilizar desse serviço. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Próximo orador inscrito é o Ver. João Dib, Líder do PDS. V. Exª está
com a palavra por dez minutos.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é a
terceira vez que uso a tribuna, no dia de hoje, e é a terceira vez que vou
falar em seriedade e em responsabilidade.
Sr.
Presidente, V. Exª disse que assume a tribuna o Líder do PDS. E o Líder do PDS
vai fazer a defesa da Administração do PT, que agiu corretamente no caso da
Glória, não tenho dúvida nenhuma, Senhores, porque esta questão de preço é
histórica. Preço por preço, de repente as obras não acontecem e se tornam mais
caras. Por isto, a Prefeitura de Porto Alegre, desde a Administração Thompson
Flores, tem as normas gerais de empreitadas. Lei Municipal aprimorada ano a
ano, para que não aconteça o que ocorria no passado, que as obras eram
iniciadas porque o preço era baixo, e, aí, a empresa que ganhava a concorrência
não podia fazer a obra e uma segunda empresa vinha e assumia. Aí, sim, custava
muito mais caro.
Então,
serviço público, às vezes, é embrulhado, sem dúvida nenhuma, na concorrência,
porque pode haver acerto, pode! Mas, nas regras gerais de empreitada da
Prefeitura, não é muito fácil, mas pode haver, porque o brasileiro é
extremamente inteligente. Também devo dizer que o Ver. Luiz Machado disse que
uma empresa vendia na Administração Amaral de Souza e continua vendendo na
Administração Collares. Bem, irregular seria se ela vendesse na Administração
Amaral de Souza e não vendesse mais. Então, se formaria uma empresa para vender
para uma Administração. Não, nós temos responsabilidade, nós temos seriedade,
nós não podemos dizer, de forma nenhuma, que o trabalhador paga o imposto. Não,
quem paga o imposto é o consumidor! É completamente diferente! Quem consome,
quem utiliza o serviço, quem vai ao supermercado paga o imposto. Agora, o
trabalhador, por trabalhador, não!
Colocadas
essas pequenas coisas, quero dizer que eu gostaria que o Projeto de Lei do Ver.
José Valdir fosse aprovado especificamente para a COOTRAVIPA. Mas, eu até faria
um Substitutivo, mas não quero fazer, porque estaríamos adiando por mais tempo
uma solução que é esperada. Vejam que não foi nem nesta Administração, foi na
anterior, foi o Ver. Vieira da Cunha e, agora, o outro continua fazendo.
Nós
queremos que uma solução seja encontrada o mais rápido possível. E eu acho que
o Substitutivo apresentado aqui, ele diz a mesma coisa, só que ampliando, mas
ele é muito mais claro.
Porque
não basta ter cooperativa, no momento em que nós estamos, aqui, colocando uma
legislação, facilitando o trabalho dos cooperativados, nós também temos que
fiscalizar a cooperativa e saber se os cooperativados estão tendo respeitados
os seus direitos. Nós temos que saber se há, ao final do ano, após o balanço,
distribuição dos possíveis lucros. Nós passamos a assumir uma responsabilidade,
nós temos que saber se isto está ocorrendo. E o Substitutivo do Ver. José
Valdir diz que: (Lê.) “Através de demonstrativos contábeis, legais,
apresentados periodicamente, comprove que a divisão da sua receita bruta anual
pelo número de sócios regularmente inscritos não ultrapasse o valor dos 5
salários-mínimos por sócio/mês, ou índice equivalente que venha a
substituí-los”. Ele coloca muito bem; se passar desse valor, se chegar a esse
valor, estamos todos felizes, mas, se passar desse valor, tem que pagar
imposto. Então, o Ver. José Valdir está dizendo que a cooperativa tem que ser
fiscalizada pelo órgão competente, e que a grande arma dela chama-se assembléia
geral. Nós temos que saber se os trabalhadores que lá estão, ao todo, tendo os
seus direitos respeitados. Nós temos esta responsabilidade, também. Quanto ao
fato do serviço público deturpado, como foi dito aqui, que nós contratamos
operários e que depois eram encontrados como escriturários e outras coisas
mais, eu posso dizer que na Administração João Dib não aconteceu. Por esta eu
respondo, até por que, na Administração João Dib, nós não contratamos, a não
ser operários. E a grande Cruzeiro do Sul há de dizer que nós fizemos isso, com
toda seriedade e lisura, e, para não haver dúvidas, nós contratamos operários
para a Cruzeiro do Sul, da Cruzeiro do Sul, para trabalhar lá, num movimento
intenso feito na frente da Prefeitura, quando aproveitadores tentaram fazer um
movimento diferente. Mas vejo aqui uma pessoa que disse que lembrava bem que o
Ver. Dib tinha razão, que conhece a Cruzeiro do Sul, vai lá, acompanha, vibra e
sofre com eles, e que se eu estava dizendo que ia empregar e que eles iam
trabalhar na Cruzeiro do Sul é o que ia acontecer, e foi o que aconteceu.
Então,
essa história de igualar tudo não é verdade. Nós precisamos, acima de tudo,
responsabilidade, seriedade e competência. E eu quero que a COOTRAVIPA tenha
sucesso, que continue dando o melhor de si, que acertem mais obras com a
municipalidade, e até que se propague em todo o Rio Grande, se for possível, se
for interessante, mas que tenha permanentemente uma fiscalização do que lá
ocorre para que todos aqueles que dão a sua força de trabalho sejam realmente
pessoas que se realizem, que vejam com satisfação que o seu trabalho é
reconhecido, é produtivo, e que os filhos desses trabalhadores possam almejar um
pouquinho mais. Esta é a responsabilidade do Vereador, do Diretor do
Departamento de Limpeza Urbana, esta é a responsabilidade da Administração
Municipal. Fazer com que a cooperativa cresça, mas, que ela seja realmente um
órgão que congregue pessoas que prestam serviço, e que também são servidas pela
própria cooperativa. Obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Adroaldo
Corrêa.
O SR. ADROALDO
CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, demais presentes a esta Sessão. A inscrição se deveu em função de
intervenções que aqui colocaram a Administração Pública como aquela que
respeita as leis e por isso foi acusada. A outra situação por que acusam a
Administração é a de desrespeitar as leis e por isso foi acusada pelo Ver. João
Dib, numa intervenção de Liderança. Então, é preso por ter cão e preso por não
ter cão. A cooperativa é uma grande idéia solidária;
e, muito antes dessa idéia, ela precisa ser defendida pela participação dos
seus associados na defesa da permanente democratização na utilização das
políticas dessa cooperativa. A participação citada recentemente é necessária e
permanente. É isso que vai fazer a cooperativa servir aos associados e não a
eventuais diretores que apenas cumprem e devem cumprir o programa político de
para quem estão organizados os cooperados. No nosso entendimento, essa
cooperativa se formou mais do que para a solidariedade entre os cooperados,
formou-se do resultado de uma luta dos trabalhadores de Porto Alegre contra o
desemprego e a miséria: isso é a honra dessa cooperativa. Isso deve ser
promovido sempre. Vivemos uma situação idêntica a do período 1981, 1982, 1984,
1985, quando esses movimentos se realizaram na cidade e que cobra de todos os
trabalhadores, de todos os níveis, uma inserção na realidade de seu local, para
que, a partir dela, vençam uma crise que é imposta aos trabalhadores do
Município, desde uma política nacional. Quem faz as leis, geralmente não é
ferido por essas leis, essas que aumentam os preços dos serviços públicos, em
função de que estes não cumprem prazos, eventualmente, e estendem prazos ao
longo do tempo os seus pagamentos, essas leis que aumentam os custos dos
serviços públicos nas concorrências; elas são feitas pelos que detêm o poder
neste país, que podem não estar nos governos, mas estão como proprietários dos
latifúndios, dos meios de comunicações, das grandes cadeias de lojas e dos
bancos; estão governando de fora por seus bonecos-representantes de todas as
instâncias de governo, à exceção daqueles que estão respondendo pelos
interesses dos trabalhadores, que são poucos.
Levemos em consideração, neste
momento, que há leis que têm que ser exploradas em seus limites e, outras,
trabalhadas desde o fato histórico, objetivo, da realidade concreta do
dia-a-dia da cidade em que se relaciona essa lei. O que é a lei a não ser
sedimentação do direito conquistado, nesta etapa da sociedade pelo movimento
organizado? Antes, aquelas que queremos modificar são as impostas pelas forças
das armas, seja ainda durante a ditadura, seja muito antes pelas armas dos
latifúndios, que ainda hoje se aplicam ao movimento dos sem-terras, expulsos
dos seus locais de produção e de moradia, na busca de empregos como os nossos,
eventualmente, como os vossos, eventualmente, nas cidades, que não mais abarcam
o conjunto da crise social.
É difícil debater com o
oportunismo que, a cada momento, tem uma posição. Queremos fazer o debate de
que esta é uma república construída, sim, em bases republicanas, mas muito
pouco respeitada naquilo que diz respeito à Republica. Há, neste momento, no
Congresso Nacional um intenso debate sobre se o Presidente vai fazer aprovar o
seu emendão, remendão, trapo que seja, à Constituição do ponto de vista de
acabar com a estabilidade no emprego do servidor público. O que é isso senão
que a cada momento que se eleja presidente carregue a sua família, o seu bando
de alcagüetes e carregue uma sessão inteira de perversos e pervertidos para
formar o corpo do servidor público neste País. E são um milhão e quinhentos mil
servidores públicos no País. Haverá família tão grande, com certeza há muitos
ladrões que acompanharão um presidente assim e este que arma os exércitos
posteriormente poderá armar sua milícia particular para vigiar movimentos
legítimos que se organizam na defesa da democracia e do seu espaço público de
intervenção. E quem arma civis contra civis, se não for uma política correta e
constituída do ponto de vista da libertação, está promovendo um massacre,
porque se há armas na República elas deveriam estar sendo utilizadas para
defender a república dos seus ataques externos e a estes ninguém aponta as
armas. O FMI entra e sai de saia ou sem saias e todos nós estamos submetidos às
armas que nós pagamos e financiamos. Portanto, é correto afirmar que a Lei não
fere quem a maneja, mas quem a maneja neste momento é o poder constituído por
450 ou mais de exploração dessa terra, por proprietários e eu digo e repito o
que o Ver. Heriberto Back afirmou aqui, quem paga imposto é o trabalhador que
não tem condições de repassar ao preço de mercadoria alguma o preço que paga
pela mercadoria ou imposto. O empresário, consumidor, repassa ao preço do
imposto as mercadorias que cobra dos trabalhadores, só o assalariado que só tem
por mercadoria o seu braço é que não pode repassar, a não ser pela greve, pela
força da militância conseqüente, o preço da sua mão-de-obra o preço a um
terceiro que é o empregador que acaba repassando aos produtos. O
consumidor-assalariado é quem paga imposto, o proprietário não paga, repassa
aos produtos que serão consumidos por todos.
Eu ainda gostaria de fazer um
raciocínio: a Cooperativa rompe com a perspectiva da locação de mão-de-obra por
terceiros que nada mais é do que a correção na força do trabalho pelo
explorador da miséria e locação da mão-de-obra de terceiro, que cobra cem do
serviço público e paga 30 ao trabalhador locado. Então isso tem que acabar.
Isto é a corretagem da miséria, a corretagem da fome que tem que ser banida do
serviço público, que tem que ser banida da contratação dos serviços pelo
município, pelo estado e pelo país. Por isso, precisamos que a Cooperativa
rompa e enfrente isso.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Vereador, não posso deixar passar em branco o que V. Exª afirma
que nem todo o consumidor paga imposto; todos os consumidores pagam impostos.
O SR. ADROALDO
CORRÊA: E nisto concordo com V.
Exª. E os trabalhadores são os únicos que não conseguem repassar o que lhes é
cobrado à outra parte da cadeia. Eles não conseguem repassar o resultado dos
impostos que pagam. Os proprietários repassam para os preços dos produtos.
Enquanto o trabalhador se limita apenas a pagar. O assalariado, que constitui a
força do trabalho, que é quem constrói isso, não vê sequer perspectivas de
escapar dessa exploração. Se a lei fosse cumprida, não apenas evitaria isso,
como não permitiria esse manejo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gert Schinke está com a palavra.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, eu queria fazer uma
aclamação à comunidade aqui presente: os alunos do Parobé e também aos da
COOTRAVIPA, em função de suas presenças aqui e da grande afinidade entre as
nossas bandeiras de luta.
Eu queria lembrar que
segunda-feira, dia 23, neste Plenário, será realizada uma homenagem pela
passagem do Dia Mundial da Juventude, e quero fazer um convite especial aos
companheiros estudantes, a todos aqui presentes para prestigiarem esta
homenagem, esta solenidade muito importante, para assinalar as lutas da
juventude, não só local, mas mundial.
Nós sempre defendemos que na
política tributária nós devêssemos dar isenções fiscais e estimular a que
diferentes setores da sociedade tivessem incentivos fiscais, ou seja,
diferenciação em relação à política tributária? É verdade isso? Não é verdade.
É um grande engano. O Partido dos Trabalhadores, durante a sua História de 11
anos, sempre fez uma contundente crítica à política tributária dos governos que
defendem os interesses das classes dominantes, da burguesia, que fez isso em
relação a isenções de impostos, ao ICMS para as empresas de comunicação aqui no
Estado do Rio Grande do Sul. Quem não sabe. Através da sua Bancada de Deputados
Federais, quando se tratava de elaborar esta nova Constituição, promulgada em
1988, procuraram isentar determinados setores do pagamento de impostos. O
Partido dos Trabalhadores sempre considerou que essa política tributária é
injusta, por um lado fazendo com que os trabalhadores carreguem o ônus da
exploração a que estão submetidos, e todos os encargos tributários, diretos e
indiretos; por outro lado, a mesma política tributária da classe governante
isentando os setores empresariais, que sempre se locupletaram com esse tipo de
política tributária. Não estamos falando de uma questão de princípios, que o
Partido dos Trabalhadores defende e sempre defendeu. Qual é a questão do
princípio que o Partido dos Trabalhadores sempre defendeu? É quem ganha menos,
deve pagar menos; quem ganha mais, deve pagar mais. E assim é aqui também, em Porto
Alegre, quando, a partir de iniciativas da Prefeitura Municipal, se apresentou
o Projeto de Lei aqui de fazer a progressividade do IPTU, em cima do princípio
de quem ganha mais, deve pagar mais, quem ganha menos, deve pagar menos.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Vereador, a progressividade foi implantada em cima do valor
venal. Nada a ver com quem ganhava menos ou perdia mais.
O SR. GERT SCHINKE: Ver. João Dib, o princípio está ligado ao
poder aquisitivo que evidentemente determina a posse das pessoas. Eu entendo
por aí, porque faço a ligação e não distingo uma coisa da outra. Quem possui
grandes propriedades em Porto Alegre são as pessoas que ganham mais. É ou não
é, Ver. Luiz Machado? Ou são os assalariados que ganham o salário-mínimo? Ora!
É óbvio, então, não vamos discutir o óbvio. Mas eu quero discutir algumas
coisas para os companheiros entenderem porque eu vou votar a favor desse
Projeto e porque eu defendo, na nossa política tributária, determinadas isenções
a determinados setores: porque eles, antes de mais nada, resguardam o princípio
que o Partido dos Trabalhadores sempre defendeu, que é isentar o máximo
possível aqueles setores pobres da sociedade e sobrecarregar de impostos
aqueles setores que têm a maior renda na cidade e que fazem da sua renda
especulação. É por essas razões que eu entendo que esse Projeto de autoria do
Ver. José Valdir deva ser aprovado e vai contar com o meu voto, embora eu não
tenha muita certeza de que conte com todos os votos da Bancada do PT e é por
essas razões também que nós apresentamos o Projeto de Lei de Incentivos Fiscais
à Cultura, porque esse é um dos setores que só através de incentivos fiscais,
submetidos à lei do mercado, que é a realidade que aí existe e que o PT, por
princípio, não combate, porque estabeleceu, inclusive, através da Prefeitura um
fórum contra a recessão e o desemprego e que conta com a participação de vários
setores do empresariado desta Cidade. Os Vereadores do PT que me desmintam se
não for verdade o que estou dizendo. Isso foi articulado pelo Vice-Prefeito da
Cidade, Tarso Genro, e visa criar mais empregos, visa estabelecer uma política
na Cidade, uma política de fomento econômico através de geração de empregos,
através de “n” iniciativas que estão sendo articuladas por esse fórum contra a
recessão e o desemprego, entre as quais o estabelecimento de uma política
tributária correta, coerente com a conjuntura econômica e
política que estamos vivendo neste País. Antes de tudo, a isenção do ISSQN à
COOTRAVIPA é uma das questões que, talvez, possa viabilizar a própria vida da
Cooperativa. Para o Município, essa meia-dúzia de tostões não representa
absolutamente nada, o que são alguns milhares de cruzeiros correspondentes ao
imposto que arrecadaria a COOTRAVIPA, diluído dentro de um bolo que a
Prefeitura gasta em “n” setores, na sociedade, nesta Cidade! Isso não pesa nada
no orçamento de Porto Alegre. Agora, para a COOTRAVIPA, isso pode significar
sua sobrevivência, essa é a diferença da qualidade e é por isso que voto a
favor deste projeto e sou a favor de todos os projetos que, coerentemente com
este discurso, não coloca todo o mundo no mesmo barco, dentro da nossa
sociedade, porque não estamos numa sociedade de iguais, falamos de uma
sociedade capitalista, de desiguais, de exploradores e de explorados, de
riquíssimos e pessoas despossuídas de qualquer renda e propriedade. É dessa
sociedade que estamos falando, então, o critério não pode ser igualitário! O
único critério justo, correto e coerente com o nosso discurso tem que ser o
critério baseado na desigualdade, que existe dentro da sociedade e não em cima
da igualdade universal, porque os homens são todos iguais, são todos iguais
perante a lei, mas não em relação às políticas públicas, porque as nossas políticas
públicas têm que estar divididas ao homem pobre das vilas, às pessoas
despossuídas e, nesse sentido, elas não podem ser iguais para toda a sociedade.
É por isso que voto a favor deste Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Omar Ferri): Com a palavra o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
estudantes do Julinho, estudantes do Parobé, trabalhadores da COOTRAVIPA, eu ao
iniciar a discussão sobre este Projeto, quero deixar bem claro uma coisa, eu
defendo a Administração Popular, defendo de forma enfática as posições do meu
Partido. Isso significa deixar bem claro que o Partido dos Trabalhadores sempre
foi, é e será contra as isenções de impostos, de taxas como regra; isto também
significa dizer, até por que não existe regra sem exceção, que cabe sempre,
sempre cabem exceções, ou seja, nós defendemos este princípio vamos continuar
defendendo-o, que é contra as isenções de uma forma generalizada, e vamos
sempre admitir a possibilidade de analisando a história daqueles que solicitam
isenções, analisando o mérito da questão nós aceitarmos exceções. Estamos
diante de um caso, para mim, não deixa dúvida; quero também a título preliminar
fazer uma diferenciação para que fique bem claro: acho que existe diferença
entre o partido e a administração: o partido que está dentro da administração e
aquela parte do partido que não está na administração. Por que falaram aqui na
exigência dos papeizinhos. Alguém falou e é evidente que a Administração, muitas
vezes porque está presa a um corpo de Leis, ela muitas vezes é obrigada a se
comportar, embora, muitas vezes, não concordando com estas Leis, a se comportar
em fazer um determinado grau de exigência, e aí os papeizinhos que o DMLU teria
exigido sob pena de em descumprindo determinados preceitos legais, fragilizar a
própria Administração e expor a Administração inclusive aqui na Câmara de
Vereadores. Quantas vezes aqui, por um detalhe de ordem técnica, jurídica,
quantas vezes nós aqui, Administração, foi alvo de sérias críticas dos
Vereadores, porque não cumpriu este ou aquele quesito, embora do ponto de vista
da legitimidade, da justeza ou da justiça, estaria correto, mas do ponto de
vista do arcabouço jurídico legal que rege esta Cidade a Administração muitas
vezes é forçada a fazer isto. Eu digo isto, por que independe da posição que o
Executivo venha a ter sobre esta matéria, me parece que a posição do Partido
dos Trabalhadores, este Projeto de Lei se encaixa perfeitamente dentro daquilo
que nós pensamos. Aí vou me reportar a algumas coisas, que até alguns
companheiros já falaram.
A Cooperativa COOTRAVIPA, ela
surgiu em 1984 no interior de uma luta, a luta contra o desemprego e contra a
carestia, onde nesta luta participaram “n” correntes políticas e uma delas
inclusive o Partido dos Trabalhadores. E entre as diversas formas de se lutar
contra o desemprego uma idéia concreta que surgiu além da denúncia dos aspectos
conjunturais estruturais dos desempregos, uma idéia concreta que surgiu foi a
idéia de pegar os trabalhadores e desempregados e partir para a sua
cooperatização. Aí surgiu a idéia da Cooperativa. Esta Cooperativa tem por trás
dela uma história de luta, e ela está apontando, quem sabe para nós, um caminho
muito importante no combate concreto ao desemprego. Pois junto com as denúncias
que temos que fazer das causas estruturais do desemprego deste tipo de
capitalismo que temos, para quem o desemprego é um componente que faz parte do
próprio sistema, existem formas, a criatividade popular tem que encontrar
formas de combater concretamente. Pois estamos diante de um caso onde a luta, o
movimento através da sua criatividade encontrou caminho, ainda muito frágil,
que é a Cooperativa.
Então, é do interesse, acho que
de todos nesta Casa, que conhecemos o problema do desemprego, e muito mais do
Partido dos Trabalhadores apoiar esta iniciativa, fazer de tudo para que ela
consiga vingar, pois quem sabe ela está a apontar para nós um caminho, apontar
um norte para esta questão do desemprego.
É claro que não somos ingênuos de
achar que vamos combater o desemprego, apenas desta forma, mas esta sem dúvida
é uma das possibilidades, uma das formas concretas.
Portanto, temos que raciocinar
por este aspecto.
Quero abordar o segundo ponto,
porque existe o Projeto e o Substitutivo. Primeiro: nós apresentamos um Projeto
que nominava a Cooperativa, e aí encontramos dois problemas. O primeiro
problema que foi-nos alertado de uma forma muito eficaz, uma forma muito
valiosa pela Assessoria Técnica Parlamentar da Casa que decidiu denominar
“isenção para a COOTRAVIPA”, apesar de já termos feito isto com a COOPTAXI,
isto poderia fragilizar do ponto de vista jurídico. Este é o primeiro problema.
Outro problema é ligado ao que falei anteriormente, se estamos a ver nesta
cooperativa um prenúncio de uma saída para esta questão, porque não fazer uma
lei que possibilitasse surgir outras iniciativas para que o trabalhador não
precisasse a cada momento entrar com uma lei aqui e que já estivesse
contemplada. Por isso fizemos o Substitutivo, que em vez de nominar a
cooperativa a pega como modelo. É claro, nós nos espelhamos para fazer o
Substitutivo na experiência concreta desta Cooperativa que existe. Por que
iríamos nos inspirar na estratosfera? Nós podemos nos inspirar na prática de
uma cooperativa que existe e aí nós criamos, basicamente, dois critérios: o
primeiro critério era de que essa Cooperativa fosse realmente composta por
trabalhadores, entenda-se com isso pessoa física e não pudesse, por exemplo,
ter pessoa jurídica ou no momento que tivesse pessoa jurídica ela perderá o
direito da isenção. Isso para nós é um critério importantíssimo que distingue
esta Cooperativa de outras tantas. O segundo critério é que essa Cooperativa
fosse realmente, esta isenção fosse para uma cooperativa daqueles que
necessitam. Por isso, nós criamos o critério de que a renda bruta anual não
poderia passar de cinco salários-mínimos por sócio. Isso não significa – vejam
bem o cuidado que nós tivemos e não fere nenhum princípio em nenhum de nós que
defendemos...
O SR. PRESIDENTE: Seu tempo esgotou-se Vereador. O
Ver. João Motta cede o seu tempo a V. Exª.
O SR. JOSÉ VALDIR: Vamos supor que esta Cooperativa,
Srs. Vereadores, consiga o que eles querem e o que nós queremos, ou seja, que
de uma pequena Cooperativa ela se transforme numa grande Cooperativa. Embora,
não perca as características de ser cooperativa de trabalhadores mas, digamos,
de repente que bom que essa Cooperativa consiga ter uma renda anual que passe
de cinco salários-mínimos por sócio para dez ou vinte. Aí acaba a isenção
porque ela não precisa ser mais amparada. Esse Projeto de Lei, esta isenção,
ela não é, inclusive, eterna, ela é uma isenção que visa a amparar alguém que
está dando os primeiros passos. No momento em que alguém consegue se firmar com
as próprias pernas, consegue caminhar com recursos próprios, ele vai sim, como
qualquer um, pagar o imposto. Se esta Cooperativa amanhã for um sucesso -
tomara que seja - a própria Lei irá garantir que não se aplica mais, a própria
Lei vai garantir, a que estamos aprovando aqui, vai prever quando não se aplica
mais, ou seja, se a Cooperativa consegue atingir bons resultados, e é isso que
nós queremos, automaticamente, ela vai pagar imposto, isso está previsto,
porque essa Lei não é para fazer assistencialismo, não é para criar
privilégios, pelo contrário, é para possibilitar a que os trabalhadores, que
historicamente são vítimas, e o Heriberto colocou muito bem, são vítimas de
todo um arcabouço jurídico, que não os protege, mas pelo contrário, é contra eles,
que colocam uma série de exigências com as quais eles não podem cumprir. É para
possibilitar o equilíbrio, no momento em que as coisas estiverem equilibradas,
em que a Cooperativa progredir ela vai pagar imposto. Portanto, esse Projeto
não é para estabelecer privilégio, como estão dizendo. E não venham querer
confundir esse Projeto com outros Projetos de isenção, isenção de grandes
empresas. Não. Este Projeto não é para criar privilégios, pelo contrário, esse
Projeto é para equilibrar o jogo, é para fazer com que aquele que, hoje,
embora, se diga que nessa sociedade todo mundo é livre, todo mundo pode
competir, é para possibilitar que esses trabalhadores consigam, minimamente, as
condições para poder participar dessa disputa que continua sendo desigual, mas
que pelo menos lhe dá alguma condição de participar. É isso que nós queremos,
nós estamos apresentando um Projeto aqui, para criar privilégios; não estamos
de maneira nenhuma ferindo o princípio que nós sempre defendemos no passado,
estamos defendendo no presente e vamos continuar defendendo. E este Projeto, a
não ser que seja feita uma confusão muito grande, - e eu não vi nenhum dos
Vereadores aqui fazer essa confusão -, só assim este Projeto poderá ser
entendido como contraditório com aquilo que nós defendemos. Este Projeto está
perfeitamente dentro daquela linha que todos aqueles que se dedicam a apoiar os
trabalhadores, dentro da linha do Partido dos Trabalhadores, de criar condições
para que os trabalhadores possam conquistar sua autonomia, exercitar sua
autonomia e não precisarem mais ser vítimas de uma sociedade que lhes exclui.
Então eu quero deixar isso muito claro e pedir para todos os Vereadores,
inclusive aos Vereadores do meu Partido, que votem maciçamente a favor do
Projeto. E, dizer aos Companheiros do PT, que este Projeto, mesmo que venha o
Veto do Sr. Prefeito, não é contraditório nós derrubarmos o Veto aqui, porque,
mesmo que venha o Veto baseado em alguma lei, em algum arcabouço jurídico que
force o Prefeito a vetar, nós vamos derrubar o Veto, aqui, porque ele está
perfeitamente dentro daquilo que o Partido dos Trabalhadores defende, e, que o
nosso conceito de justiça fiscal, que o nosso conceito de combate aos
privilégios, defende. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Luiz Braz. V. Exª dispõe de 10
minutos.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estudantes do
Parobé e do Julinho, aqui presentes, Senhores da Vila Cruzeiro, amigos meus,
alguns deles, que tenho o prazer e a honra de ter como amigos há muito tempo. É
claro que nós que pertencemos ao PTB, estamos tentando fazer com que o PTB seja
uma grande trincheira dos trabalhadores no Rio Grande do Sul, não poderíamos
nos manifestar contrário à idéia de trabalhadores, formados em cooperativas,
prestando serviços, tanto a particulares, como também a órgãos públicos. Mas,
não podemos, também, de forma alguma, aceitarmos, aqui, as colocações feitas
pelo Ver. José Valdir no sentido de que o PT apenas tomou essa medida de cobrar
o ISSQN da COOTRAVIPA porque foi obrigado. É mentirosa essa afirmação do Ver.
José Valdir. Porque sabem muito bem, todos os Senhores da COOTRAVIPA, e todos
aqueles que acompanham a COOTRAVIPA ao longo dos tempos, que antes do PT o
ISSQN não era cobrado. Não era cobrado! Eu pergunto o seguinte para o
Ver. José Valdir e para os outros Vereadores do PT: todas as leis da Cidade são
respeitadas, ou, de repente, quando a Administração Petista enxerga um texto de
lei que não merece ser seguido, ou que vai causar algum prejuízo, nós, aqui,
sabemos muito bem que esta lei não é cumprida. Por que, com relação à
COOTRAVIPA, imediatamente a Administração Petista resolveu cobrar o ISSQN? E
achamos muito estranho que o Ver. José Valdir venha a esta tribuna e faça uma firmação
que nós não devemos nos assustar, aqui, neste Plenário, se por ventura o
Prefeito Olívio Dutra vetar este Projeto de Lei que estamos votando, hoje,
aqui, nesta tarde.
Mas, o
que é isto? É brincadeira com os trabalhadores? Nós não podemos brincar de
fazer Projeto de Lei!
O Ver.
João Dib tem uma afirmação que gosto de ouvir: não podemos fazer leis como
fazemos história em quadrinhos, em grande quantidade, para agradar.
O
Partido dos Trabalhadores, através do seu Líder maior, aqui, nesta região, o
Ver. José Valdir, fez o Projeto de Lei para isentar a COOTRAVIPA do ISSQN e o
próprio PT começou a cobrar! Agora, eu imagino que o Ver. José Valdir já tenha,
a estas alturas dos acontecimentos, conversado com o Dr. Olívio Dutra e
solicitado para o Dr. Olívio Dutra não vetar o Projeto ou, então, deveria
informar a este Plenário que o Dr. Olívio Dutra não está de acordo com esta
idéia que estamos votando, aqui, hoje e o que estamos fazendo é uma grande
palhaçada, porque não vai ser cumprido pelo Dr. Olívio Dutra!
Demagogia,
agora, aqui? Demagogia com os trabalhadores? Mas por quê? Vocês que são
trabalhadores e que moram nas vilas populares, tiveram realmente uma grande
iniciativa. E eu até digo: eu acho que é muito natural que todos os Senhores
que pertencem a Cooperativa de trabalhadores, como é o caso da COOTRAVIPA, que
recebam realmente benefícios. Por que não? Tem que receber vantagens, o trecho
de Lei até que está bem escrito, diz que a Cooperativa, realmente, só vai
receber estas vantagens até que aquela renda que vai ser distribuída não
ultrapasse a cinco salários. Eu acho que está muito bem escrito o texto. Por
que então o Poder Público não pode oferecer alguns benefícios? Claro que pode,
todos nós sabemos, e os advogados desta Casa sabem que, quando se criou, por
exemplo, a Justiça do Trabalho, há muitos anos atrás, se criou para proteger os
direitos do trabalhador, exatamente para fazer que aquela balança, que pende
sempre para o lado do empresário, e que deixa o trabalhador sempre numa posição
difícil, que essa balança, através da Justiça do Trabalho possa sofrer um certo
equilíbrio. Isto já é desde a criação da Justiça do Trabalho. Agora o porquê
que nós aqui, do Município de Porto Alegre, não podemos, a exemplo do que
faziam os outros governos, pois assim procedeu, por exemplo, o Governo do PDT,
assim procedeu, por exemplo, o Governo que antecedeu o PDT, não cobravam o
ISSQN dos trabalhadores porque não achavam justo cobrar ISSQN de trabalhadores
que estavam reunidos numa cooperativa a fim de buscarem o seu sustento. Era
assim que os outros governos entendiam. Porque o Governo do PT, que é um
governo que se diz dos trabalhadores, resolve onerar os trabalhadores com o
pagamento do ISSQN e depois quem apresenta o Projeto vem à tribuna ameaçar os
trabalhadores com o Veto. Mas eu acredito que se este Projeto, que nós estamos
votando, nós estaremos todos envolvidos numa grande palhaçada do PT, mais um
“show” demagógico do PT. Eu acredito que, depois de aprovado este Projeto nesta
Casa, o Dr. Olívio Dutra tem obrigação de sancionar o Projeto, porque ele foi
apresentado por uma das Lideranças petistas. Todos os outros Partidos da Casa
entenderam que realmente, privilégio ou não, isso deve ser entregue para a
COOTRAVIPA e para as outras cooperativas. Mas se depois todos os Partidos
políticos se unem para poder oferecer para a COOTRAVIPA esse privilégio, e vem
o Prefeito do PT vetar, aí eu acredito que, realmente, esse “show” de demagogia
não deveria ser aceito de forma alguma pelos Senhores. Esta palavra Veto não pode
ser pronunciada nesta tribuna por quem está apresentando Projetos e por quem
pertence ao mesmo Partido do Prefeito Olívio Dutra. Esse negócio de dizer que o
Partido que está governando é um, e o Partido que está aqui no Plenário é
outro. O que é isso? Partido político é um só!
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu tenho dito aqui nesta Casa que tenho medo dos projetos de lei que
nós votamos, aprovamos aqui nesta Casa, e que a Administração Popular não
cumpre. Eu tenho medo de que este Projeto seja votado, que o Prefeito, por ser
o autor do Projeto um Vereador do PT, ele não vete, mas não cumpra. E aqui está
um exemplo de leis que nós votamos aqui, e não são cumpridas. “Não tenha medo
da Aids”; é um folheto distribuído pela Secretaria Municipal da Saúde e Serviço
Social de Porto Alegre. Administração Popular está aqui
embaixo. E diz aqui: “E lembrem que a Lei Municipal nº 6426/89 obriga os motéis
de Porto Alegre a oferecerem gratuitamente camisinhas aos freqüentadores. É um
direito seu exigi-las.” Mas, o Prefeito não cumpre a lei.
O SR. LUIZ BRAZ: Por falar nesse folheto, Ver. Edi
Morelli, eu duvido que haja um Vereador do PT que venha a esta tribuna e tenha
a capacidade de ler esse folheto na íntegra aqui nesta tribuna. Ou que qualquer
correspondência saia para a população de classe média desta Cidade com o mesmo
linguajar com que a Administração da Frente Popular se dirigiu para as mulheres
de vila. Duvido! Faltou o respeito. Eu desafio a qualquer Vereador petista vir a
esta tribuna e ler este folheto que foi distribuído para as vilas da Cidade.
Não lê. E isto foi mandado para as vilas da Cidade, infelizmente. Nós não somos
favoráveis ao Projeto só vamos lamentar demais se nós estivermos vivendo nesta
tarde aqui um “show” de demagogia. Esperamos que isto realmente não esteja
acontecendo. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. José
Alvarenga. Desiste. O próximo inscrito é o Ver. Clóvis Brum. S. Exª dispõe de
10 minutos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, serei breve.
A iniciativa do Ver. José Valdir merece todo o nosso aplauso, toda a nossa
solidariedade. Vamos votar favoráveis ao seu Projeto. Acho que ele foi infeliz
numa expressão. No calor de seu debate e em suas argumentações ele foi infeliz;
só vejo assim, Ver. Luiz Braz. Não posso aceitar que o Vereador do PT, do
Partido dos Trabalhadores, autor do Projeto, e um dado importante: Presidente
do PT em Porto Alegre, faça a afirmação de que a proposta que ele defendeu, que
apresentou à Casa, está perfeitamente sintonizada com a proposta programática
de seu Partido, porém, se o Sr. Olívio Dutra vetar, derrubaremos o Veto.
Começa
que o PT não derruba Veto nesta Casa. Para derrubar vetos precisa do PMDB, PDS,
PTB, PDT, PL, PFL ou PCB. O PT não tem número, não pela qualidade de sua
Bancada, mas pelo número de votos necessários. Em segundo lugar, não posso
aceitar, não tenho dúvidas de que foi um momento infeliz, quando levantou a
hipótese do Prefeito Olívio Dutra vetar o Projeto. Não pode o Prefeito Olívio
Dutra vetar um Projeto de autoria do Presidente do PT em Porto Alegre,
defendendo-o e contando com o apoio de todas as Bancadas para a sua aprovação.
Diz o Presidente do PT: Se o Prefeito Olívio Dutra vetar, derrubaremos o seu
Veto. Primeiro, não precisamos nem do voto do PT para a derrubada do Veto; já
temos derrubado outros vetos contra o voto da Bancada do PT. Evidentemente,
tenho medo, Ver. Luiz Braz, Ver. José Valdir, é que, quando o Prefeito Olívio
Dutra, se ele vetar, a metade da sua Bancada não esteja presente para derrubar
o veto. Esse o medo que tenho. Se ele vetar, todas as Bancadas de Oposição
derrubarão o Veto. Por dois motivos fundamentais: 1º) para que o PT deixe de
brincar com a população, deixe de enganar a população; 2º) para mostrar ao
Prefeito que há uma Oposição responsável nesta Casa. Agora, a preocupação que
eu tenho, Ver. José Valdir, é que, junto com a aprovação deste Projeto, a
Bancada do Partido dos Trabalhadores recomende ao Departamento Municipal de
Limpeza Urbana de Porto Alegre a tratar com mais justiça esta cooperativa. Não
adianta dar a sobra da festa para a cooperativa. Essa história de dar o que
sobrou da festa, o resto da comida, não é uma boa política administrativa, o
que tem que dar a esta exemplar cooperativa de trabalhadores, cujo custo da
operação do seu trabalho é 1/3 a menos do que qualquer empresa prestadora de
mão-de-obra, tem que dar a eles é serviço.
Ora, se
a licitação para uma determinada operação de limpeza da cidade necessite de um
cadastro X que pegue esta limpeza e divida em 5/6 e facilite o acesso da
cooperativa a essa concorrência, o que não pode dar é a sobra da festa. Depois
do banquete não é um gesto humano nem justo, nem legal, é tripudiar em cima dos
pobres. Com isso a Administração Popular a cada dia que passa vem demonstrando
o seu insucesso na magia de enganar. Ora, Ver. José Valdir, se o Prefeito
Olívio Dutra vetar este Projeto, só resta um caminho para V. Exª: renunciar à
Presidência do PT, porque eu não posso acreditar que o Presidente do Partido
dos Trabalhadores venha a esta tribuna dizer que este Projeto está
perfeitamente sintonizado com o programa partidário do PT. Mas tem outra
alternativa: eu saio do meu pesadelo, o Ver. José Valdir continua na
Presidência e expulsa o Prefeito Olívio Dutra. Aí, sim, seria o viável, não há
dois termos. Se o Ver. José Valdir há meses e meses vêm trabalhando por este
Projeto, recebe o respeito de todas as Bancadas para a aprovação deste Projeto.
E vem a esta tribuna manifestar o temor pelo Veto do Sr. Prefeito.
Ver.
José Valdir, ou o Prefeito não é do PT ou o PT não é do Prefeito. É verdade. V.
Exª tem razão, Ver. Giovani Gregol.
A
generosidade da inteligência de V. Exª, Ver. Gregol, desfaz qualquer equívoco
na atuação do PT em Porto Alegre.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exª me dá um conselho que V. Exª não seguiu, porque o Governo Pedro
Simon rasgou o programa do PMDB várias vezes. Tanto que três Vereadores saíram
do PMDB e V. Exª não saiu. É aquele velho ditado: faça o que eu digo, mas não
faça o que eu faço. Senão, V. Exª estaria já muito longe do PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Ora, Ver. José Valdir! O aparte de V. Exª
empobrece o meu discurso. Pois veio a esta tribuna o Presidente do PT em Porto
Alegre ou o Vice-Líder da Bancada ou o Presidente do Partido, nem sei e diz que
teme que haja um Veto do Prefeito.
Não,
Ver. Gregol, não aceito esse tom pejorativo de V. Exª para com esse dinâmico
Presidente. Não aceito.
Senhores
integrantes da Cooperativa, a idéia do Ver. José Valdir é boa. O que está
errado aí são duas coisas: primeira, o DMLU dá a empreitada de mão-de-obra a
uma firma particular e não dá para vocês, sob a alegação de que faltam papéis.
Isso não é bom para a Administração Popular: segunda, V. Exª pode ter temores,
Ver. José Valdir, quanto ao Veto do Sr. Prefeito, eu não tenho, o Prefeito não
vai vetar, não tenho procuração do Prefeito Olívio Dutra mas sei que ele não
vai vetar por um dado elementar, de nada vai valer o veto dele, as oposições
derrubarão o Veto e a Câmara vai promulgar a lei do Ver. José Valdir podem ter
certeza, o Prefeito não veta porque aí ele vai escancarar! O Veto do Prefeito,
Ver. José Valdir, vai dar a entender que o PT, aqui, faz um projeto bonito, um
discurso bonito, o Líder do Partido dos Trabalhadores chega aqui, com a garra
que lhe é peculiar, defendendo o seu projeto, mas pelo Veto do Prefeito vai
transparecer que tudo é para enganar a população, que é de brincadeirinha, que
o PT aprova uma coisa aqui, mas o Prefeito dá um Veto lá e liquidou! Não, por
isso o Prefeito não vai vetar e, em segundo lugar, não vai vetar porque as
oposições derrubarão o Veto. Mas, Ver. José Valdir, em que pesem os debates, V.
Exª está numa tarde feliz, não interessa o Partido de V. Exª, V. Exª teve a
visão de um grande Vereador, meus parabéns! Voto com o Projeto de V. Exª. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passa-se ao período de votação. Para
encaminhar, a palavra com o Ver. Giovani Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL:
Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, este Vereador, na qualidade de um dos
Vice-Líderes da Bancada e contando hoje, infelizmente, com a ausência do nosso
Líder, Ver. Clovis Ilgenfritz, cumpre-nos vir aqui para explicar aos
companheiros que é comum isso que ouvimos há pouco aqui na Casa, ou seja, cada
um dos 3 Vereadores da Casa pode usar dez minutos para colocar as suas posições
contra, a favor ou neutra em relação aos Projetos. Agora, nós entramos na fase
de votação e antes da votação propriamente dita, cada conjunto de Vereadores
tem o direito de colocar a posição da sua Bancada, durante cinco minutos, sem
apartes, ou seja, de encaminhar isso. Eu quero colocar, em primeiro lugar, que
a oposição hoje está sorridente aqui nesta Casa e este Vereador é até
solidário, porque a oposição nem sempre tem motivos para sorrir nesta Casa,
porque o crescimento da popularidade da Administração Popular é uma coisa tão
flagrante, que a oposição, quando pode, sempre inventa raciocínios e ironias
que não existem. O Ver. Edi Morelli, por exemplo, disse que se o Projeto fosse
de um Vereador da oposição, o Prefeito vetaria, mas que se o mesmo Projeto
fosse de um Vereador do PT, seria aprovado pelo Prefeito. Isso absolutamente
não corresponde à verdade, porque o Prefeito tem vetado, independente do mérito
do Projeto e do Vereador que apresenta o Projeto, quando ele não concorda,
Projetos de Vereadores do seu Partido. Isso não é um castigo ao qual ele
condena, antidemocraticamente, Vereadores da oposição. Há pouco tempo, o
companheiro Adroaldo Corrêa teve um Projeto seu vetado pelo Sr. Prefeito, e
esse Veto foi derrubado por esta Casa inclusive com votos da Bancada do PT.
Isso é natural de uma democracia. Agora, alguns Vereadores aqui estão tendo
bola de cristal, dizendo que o Prefeito vai vetar ou não. Quanto a este
Projeto, este Vereador não tem nenhuma informação a esse respeito, agora, numa
coisa está correto o Ver. Clóvis Brum, quando ele diz que o PT não é do
Prefeito. Realmente, no nosso partido, Ver. Clóvis Brum, ninguém tem a
pretensão de se ser dono, como em certos partidos, que tem caudilho, que tem
dono, tem mandatário; no nosso partido não tem dono nem mandatários, o PT não é
do Olívio, o Olívio que é do PT; é diferente; o Olívio que é um filiado,
militante do PT, e dentro do nosso partido há discussões, há democracia, é o
que está correto. E, a respeito, comprovando inclusive essa democracia, essa
discussão, porque o nosso partido não confunde unidade com conformidade, a
nossa Bancada não tem uma posição única a respeito desse Projeto, do nobre
Vereador José Valdir, grande e augusto Presidente do nosso Partido. Eu vim
aqui, independente, da minha posição pessoal para encaminhar, porque estamos
liderando a nossa Bancada. Creio eu a maioria votará a favor do Projeto do
nobre Vereador, pois a nossa Bancada não tem posição única, há polêmicas, isso
é uma coisa natural, assim como outras bancadas têm aqui votado de forma
diferente, isso é uma coisa absolutamente normal, pois existe polêmica, isso é
público e notório, àqueles que não sabiam eu estou declarando. De forma que
estamos independentes da posição pessoal do nobre companheiro José Valdir, os
Vereadores do PT votarão segundo a sua consciência, a maioria se absterão e até
votarão, eventualmente, contra, por que eu não fiz este levantamento. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Airto Ferronato): Encaminha, pelo PDS, o
Ver. Vicente Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, era desejo,
de consenso das demais bancadas, de não ocupar o tempo de encaminhamento, neste
período de votação, todavia a ilustre Liderança do PT vem à tribuna e com isso
aproveitou a oportunidade, até por um mal-entendido com o Ver. Edi Morelli quis
que fizesse este encaminhamento. Meus companheiros de debates, desta tarde, já
manifestei em outra ocasião que vou votar favoravelmente, conheço alguns
integrantes da Cooperativa, especialmente, o Osmar, e, diga-se de passagem, é
uma testemunha viva de que na época do PDS, que muitos acusam de ditadores, foi
uma época das mais democráticas da Prefeitura. Todas as segundas-feiras, à
tarde, o Osmar tinha assegurado uma cadeira no auditório do DMLU, onde ele e
demais Lideranças, e não se perguntava para as Lideranças qual a cor partidária
que elas abraçavam, e nós sabíamos que muitos daqueles Líderes tinham uma
posição contrária a nós, muitos eram ativistas do PT, tenho fotografia e tenho
atas, aliás, algumas dessas atas já até mostrei a alguns integrantes do PT,
mas, democraticamente, as decisões tomadas ali, naquelas segundas-feiras, eram
cumpridas rigorosamente, eram respeitadas as Lideranças comunitárias, num
Projeto que marcou época em Porto Alegre e que, lamentavelmente, o PDT, por um
equívoco histórico, e tentando ampliar o Projeto, até dou de barato isto, não
conseguiu levar adiante o Projeto de saneamento nas Vilas de Porto Alegre.
Projeto que hoje esta na ONU, esta sendo aplicado o mesmo Projeto, a mesma
tecnologia, levada pelo Banco Mundial, aplicado nas Filipinas, está sendo
aplicado no Cairo, e, segundo me consta, em outros lugares desse mundo afora.
Tecnologia nascida aqui em Porto Alegre, integração de órgão, com a
participação comunitária. E muitos dos Senhores que estão sentados aí
acompanharam vivamente aquele Projeto. Agora, com relação ao PT, ele, por
natureza, é contra as isenções e imunidades, são contra, aqui nós vimos
claramente sua posição, quando se discutiu a Lei Orgânica e nós defendíamos,
então, a ampliação da imunidade que é a isenção. A imunidade é uma isenção já
prevista na Constituição Federal. Nós entendíamos de ampliar esta imunidade,
para o quê? Para as Escolas de Samba. Que traz o quê? Traz a arte popular, traz
a satisfação para o povo, povo que não tem dinheiro para ir a cinema, vai lá na
quadra da Escola de Samba e ali faz a sua hora de arte e o seu lazer. Ampliar
para as entidades culturais, para entidades, enfim, recreativas e de lazer, as
inúmeras que existem nesta Cidade. O PT reagiu, mas, graças a alguns
integrantes, como o caso do Ver. Adroaldo Corrêa, que fazia parte, que liderava
algumas entidades desse tipo, nós conseguimos, através de um acordo, a
aprovação desse importante dispositivo e hoje consta uma imunidade para as
Entidades Recreativas. Mas se percebeu claramente, naquela discussão, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a contrariedade do PT com relação à imunidade,
que parte de um lamentável equívoco. É uma visão distorcida da realidade dos
fatos econômicos acontecidos na sociedade. A imunidade não vem contemplar
ninguém senão o próprio cliente. Quando se dá isenção, imunidade a uma escola
particular que cobra dos pais, está se evitando que a escola cobre este plus. É claro que, dentro de um regime
capitalista, o imposto é jogado em cima do cliente, do consumidor. Quem é que
esconde isto? É evidente que é jogado em cima. Então, se dá a imunidade, a
isenção, não para contemplar o colégio, mas, sim, contemplar o cliente. O PT é
contra, tenho uma carta, no meu gabinete, uma carta assinada pelos Prefeitos,
em Porto Alegre, deve ter entrado até gente do PDS, porque, quando se está no
governo, se quer cobrar tudo, mas quem lidera isto é o PT. Já conversei com o
Prefeito que tem muito boa vontade, em muitas coisas, mas há esta distorção nas
políticas do PT em relação às imunidades.
Então,
o que vai acontecer é o seguinte: O Prefeito vai vetar este Projeto, a não ser
que o PT, face à Sessão de hoje, feche questão em torno da matéria. Ele vai
vetar, aí a Câmara derruba o Veto. Só que não falaram outro detalhe, que o
Prefeito pode entrar na Justiça e derrubar a decisão de derrubada do Veto. Quer
dizer, o que vai ser validado nesta tarde, por unanimidade, o Prefeito pode
derrubar, através do Veto. O Veto pode ser derrubado, mas a Lei pode não viger
porque é da natureza do PT, vai buscar na Justiça, Deus queira que não
aconteça, a derrubada, porque este Projeto, queiramos ou não, não estou dando
bola para isto, embora seja Presidente da Comissão de Justiça, ele tem vício de
origem, art. 94 da Lei Orgânica. Mas não estamos considerando isto. Mas o
Prefeito pode buscar, na Justiça, a derrubada. Deus queira que não faça. Mas é
da natureza do PT, pelas distorções de suas políticas, de não dar isenção,
através deste equívoco histórico. No caso, a cooperativa é uma mescla de
organização e de cliente ao mesmo tempo, é da situação jurídica de uma
cooperativa. Deus queira que isto não aconteça. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pela Bancada do PTB, o Ver. Edi
Morelli.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não irei
usar os cinco minutos, mas só ocupo a tribuna para um encaminhamento, dizendo
que o Ver. Giovani Gregol faltou com a verdade, e quem falta com a verdade
mente, e lê mentiu e todos vocês são testemunhas, porque, quem falou aqui em
Veto, foi o próprio autor do Projeto, Ver. José Valdir, ninguém havia falado em
Veto.
(Tumulto no Plenário:
apartes anti-regimentais.)
O SR. EDI MORELLI: Eu dizia que quem falou em Veto foi o autor do
Projeto. Eu disse, num aparte, que o Prefeito, quando não veta e não quer, ele
não cumpre a Lei. Há uma infinidade de Leis que não são cumpridas pela
Prefeitura de Porto Alegre. Portanto, aí há salários, leis votadas e aprovadas
nesta Casa, sancionadas pelo Sr. Olívio Dutra e não são cumpridas. Um monte de
Leis, inclusive a própria Lei, a metodologia de reajuste tarifário foi
descumprida para embutir o plus
tarifário nas tarifas. Quer dizer, se formos enumerar, passarei uma tarde aqui
enumerando as Leis que não são cumpridas pela Prefeitura Municipal de Porto
Alegre.
O
Projeto do Ver. José Valdir é considerado pela Administração Popular, porque é
uma isenção à entidade, como paternalismo, coisa que o Olívio Dutra não aceita.
Se o
Prefeito vetá-lo, volta para esta Casa e nós derrubamos o Veto, mas é um
direito que ele tem de entrar na Justiça e, na Justiça, ele ganha, porque
compete à Prefeitura dar a isenção e não a nós, do Legislativo. Se ele vetar,
eu repito aos senhores, volta para esta Casa e nós derrubamos o Veto, mas, se
ele entrar na Justiça, ele ganha, porque isenção compete ao Executivo e não ao
Legislativo. O motivo, Ver. João Dib, de eu vir a esta tribuna era para fazer
essas três colocações. Primeiro problema, nós derrubarmos o Veto. Se ele quiser
realmente derrubar a nossa decisão, ele entra na Justiça e ganha, o Senhor já
foi Prefeito e sabe disso. Os outros dois motivos o Senhor pode dizer que eu
não falei em Veto do Prefeito aqui, porque era do Partido do Prefeito, foi para
fazer a colocação e dizer que o Ver. Giovani Gregol usou esta tribuna para
faltar com a verdade, para mentir descaradamente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação.
O SR. ARTUR ZANELLA: Solicito votação
nominal, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Substitutivo nº 01
oposto ao PLL nº 053/91.
Com a palavra o Sr. Secretário
para que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os
votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 23 Srs. Vereadores votaram SIM e 01 Sr. Vereador votou NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Substitutivo nº 01
ao PLL nº 053/91. Fica prejudicado, portanto, o Projeto.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur
Zanella, Clóvis Brum, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Gert
Schinke, João Dib, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda,
Luiz Braz, Leão de Medeiros, Mano José, Omar Ferri, Vicente Dutra, Wilton
Araújo, Vieira da Cunha, Adroaldo Corrêa, Heriberto Back, Ervino Besson e
Giovani Gregol. Votou NÃO o Vereador Décio Schauren.)
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de
autoria do Ver. José Valdir, solicitando que o PLL nº 053/91 seja dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, estou requerendo mais uma alteração na Ordem do Dia, eu gostaria
que fosse votada agora, pela importância que tem, a convocação dos Secretários
da Fazenda e da Administração, porque os vencimentos dos servidores municipais
serão pagos até o dia 30 de setembro e era conveniente que houvesse um
posicionamento da Casa em relação aos mesmos.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já que vão votar, ao que parece, um Requerimento, eu
sugiro que se vote também a Moção dos alunos do Colégio Parobé, que estão aí à
espera, há um longo tempo. Gostaria também de aproveitar esta votação, sugerida
pelo Ver. João Dib, e incluir, também, o problema do Parobé na discussão do dia
de hoje.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu creio que devemos manter a ordem natural dos
trabalhos e deixar os Requerimentos para mais tarde.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Nereu D’Ávila, a Mesa
informa que é possível fazer uma votação de todos os Requerimentos, e não
apenas de um ou dois. Então, colocamos em votação a inversão dos trabalhos, ou
seja, primeiro aos Requerimentos e, posteriormente, dar continuidade à
discussão dos Projetos.
O SR. DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero protestar contra a decisão da Mesa, porque este
Requerimento não foi feito por nenhum Vereador, foi feito Requerimento
específico do Ver. João Dib para votar a questão da convocação dos Secretários
e do Ver. Artur Zanella para votar a Moção de Repúdio, que não é dos alunos do
Colégio Parobé, é autoria de um Vereador. V. Exª não pode extrapolar o pedido
do Plenário.
O SR. JOSÉ ALVARENGA (Requerimento): Requeiro que
sejam votados agora os Requerimentos apresentados à Mesa e, logo após, passemos
ao restante da Ordem do Dia.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Requerimento): No mesmo
sentido dos Requerimentos anteriores, que seja votado o período de
Requerimentos em primeiro lugar, na Ordem do dia, neste momento e que, dentro
da ordem dos Requerimentos a serem votados, seja votado o relativo à questão do
Parobé e o relativo à convocação dos Secretários, proposto pelo Ver. João Dib.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver.
João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Retiro.
O SR. PRESIDENTE: Está retirado. Vamos suspender a
Sessão por alguns minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 18h16min.)
O SR. PRESIDENTE (às 18h17min): Estão reabertos os
trabalhos. Questão de Ordem com o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu me rendo sempre à unanimidade. Pelo que vejo, fiquei
sozinho na questão do Parobé. Eu queria retirar o meu Requerimento, por favor.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. José
Alvarenga. O Ver. José Alvarenga requer que em primeiro lugar sejam discutidos
os Requerimentos, sejam encaminhados os Requerimentos.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Como um adendo
ao Requerimento do Ver. José Alvarenga, que o primeiro a ser votado seja a
convocação dos Secretários.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, e que o 2º a ser votado seja o do Parobé, como adendo.
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos colocar em votação o
Requerimento do Ver. José Alvarenga, com o Requerimento do Ver. João Dib: em
primeiro lugar, a convocação dos Secretários; o Parobé, em segundo lugar, em
função do Requerimento do Ver. Adroaldo Corrêa.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam a inversão dos trabalhos permaneçam sentados. (Pausa.)
Dez Vereadores votaram SIM, onze
Vereadores votaram NÃO. REJEITADO o
Requerimento.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Solicito verificação
de votação, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Para
verificação de votação, o Ver. Airto Ferronato assume a Secretaria “ad hoc”,
faz a coleta dos votos nominais.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC” (Airto Ferronato): (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr.
Presidente, 15 Srs. Vereadores votaram SIM
e onze Srs. Vereadores votaram NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento para alteração
na Ordem do Dia.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Décio
Schauren, Gert Schinke, Giovani Grecol, João Dib, João Motta, José Alvarenga,
José Valdir, Lauro Hagemann, Vicente Dutra, Adroaldo Corrêa, Heriberto Back,
Artur Zanella, Luiz Braz e Mano José. Votaram NÃO os Vereadores Clóvis Brum, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Letícia Arruda, Luiz Machado, Nereu D’Ávila, Omar
Ferri, Vieira da Cunha, e Wilton Araújo.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à votação dos Requerimentos.
Solicito ao Sr. Secretário que apregoe os Requerimentos, sendo primeiro o que
convoca os Secretários Municipais e o segundo o que envolve o Colégio Parobé.
O SR. DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): V. Exª deve enumerar ou citar, mas não pode dizer que é um Requerimento
que envolve o Colégio Parobé.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, nem a Mesa sabe.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: Sobre a mesa
Requerimento de autoria do Ver. João Dib, solicitando a convocação dos
Secretários Municipais da Administração e da Fazenda, para prestarem
esclarecimentos acerca dos reajustes salariais dos funcionários municipais.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: De autoria do Ver.
José Valdir, Requerimento de Moção de Repúdio devido à interdição na Escola
Técnica Parobé, destituição da Direção eleita e uso de aparato militar para
repressão de manifestação de estudantes, de parte do Governo Estadual.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.)
Para encaminhar, com a palavra o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não tenho uma posição formada sobre este assunto, e pedi a
votação do Requerimento inicial, tendo em vista a presença desses jovens que
aqui estão. Depois, em função dos acertos, pedi a retirada do meu Requerimento.
Mas, eu verifico, Sr. Presidente, que, amanhã, quinta-feira, teremos a Tribuna
Popular, destinada ao Centro dos Professores do Colégio Parobé, para tratar dos
fatos ocorridos na escola, nos últimos dias. Eu, pessoalmente, Sr. Presidente,
como esta Casa vai receber amanhã os professores, o Centro dos Professores do
Colégio Parobé, pessoalmente, acho que esta Casa não deve votar hoje esta Moção
de Repúdio, tendo em vista que vamos receber amanhã as pessoas que vão expor as
posições do Colégio. Então, respeitando a presença dos estudantes que aqui
estão, não vou votar a favor, não vou votar contra a Moção do Ver. José Valdir,
pois creio que amanhã virá aqui o Centro dos Professores do Colégio Parobé e
seria uma falta de respeito a esta Casa e aos próprios integrantes do Centro
fazermos uma votação um dia antes da presença dos mesmos.
Pediria,
quem sabe, ao Ver. José Valdir, que trouxesse à votação esse Requerimento após
a presença aqui dos representantes da Escola.
Eu,
pessoalmente, não me sinto em condições de votar neste momento, uma Moção de
Repúdio, tendo em vista que amanhã vou ouvir aqui a posição dos professores
desta Escola. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
José Valdir, que encaminha pelo PT.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vejam como são as coisas nesta Casa, há pouco o Partido dos
Trabalhadores ficou aqui e votou em peso uma convocação de Secretários da nossa
Administração. Os Vereadores do PDT se retiram para não dizer qual é a posição
deles, para talvez quem esteja aqui não saiba qual é a posição e eles talvez
possam ficar em cima do muro.
Até acho que compreendo o Ver. Artur Zanella, porque estava viajando no dia que o Sr. Eliezer, Vice-Presidente do CPERS esteve aqui, e acho que esta desculpa de que amanhã vai ter aqui depoimento dos professores do Grêmio é uma desculpa muito esfarrapada para não votar. Porque, um Vereador que é uma autoridade no Poder Legislativo um assunto pendente desse, que está há tempo na imprensa, tem obrigação de estar informado e ter posição a essa altura do campeonato.
Quero
dizer, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que a nossa Moção, em primeiro lugar
ela não entra no mérito de quem tem razão, se tem ou não tem que fazer
sindicância, não é isso que nós estamos repudiando. Nós estamos repudiando é
uma forma autoritária da Secretária Neuza Canabarro, de fazer as coisas em
matéria de educação, ou seja, repetindo os velhos e tradicionais mecanismos que
nós pensávamos ter abolido da sociedade. Ou seja, ir até a escola, intimidar os
professores, ameaçar na véspera, dizer que no dia seguinte ia lá e chegar no
dia seguinte com um pelotão de choque para bater nos estudantes, que estavam
fazendo uma manifestação legítima. Em segundo lugar, repete a mesma coisa do
passado, que nós achávamos que estava enterrado, que é de procurar sempre os
infiltrados e dizer que o movimento foi comandado de fora, inclusive
confundindo a opinião pública, como eu ouvi o depoimento da Secretária Neuza
Canabarro, na Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, dizendo que os
alunos foram manipulados. Só que ela esquece de dizer que o Parobé são alunos
de 2º grau, e alunos de 2º grau não são manipulados. É preciso que não
subestimemos a juventude, é preciso que esse discurso surrado não mais
aconteça, principalmente partindo de um Partido que se diz progressista, como o
PDT. E dizer que foram manipulados e estranhar que tenham alunos de outras
escolas, mas então companheiros do PDT não sabem que nós lutamos há tanto tempo
para fortalecer o movimento estudantil, que o movimento estudantil, obviamente
tem a sua direção, que o movimento estudantil se articula, ainda bem que o
movimento estudantil...
(Apartes anti-regimentais.)
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se os
trabalhos às 18h38min.)
O SR. PRESIDENTE (às 18h39min): Estão reabertos os
trabalhos da presente Sessão.
A Mesa
apela uma vez mais aos estudantes que nos visitam e assim como nós respeitamos
as regras constitucionais, as regras legais, a Lei Orgânica, que os
companheiros também respeitem o Regimento desta Casa, sob pena de encerrarmos
os trabalhos.
Ver. José
Valdir, V. Exª terá meio minuto a mais após vencido o tempo regimental
concedido a V. Exª.
O SR.
JOSÉ VALDIR: Acho
que vou ter o prazer de ouvir o encaminhamento do Ver Ervino Besson em nome da
sua Bancada.
Quero
dizer que o que nós estamos assistindo no Colégio Parobé – e não é um caso
isolado, tem diversos casos pelo interior afora e aqui mesmo em Porto Alegre, e
o Governador Alceu Collares já disse na imprensa que é contra eleição direta
para os diretores. Eu não entendo como é que se pode falar em revolução na
educação, tendo atitudes autoritárias, não respeitando as direções eleitas e
ainda querer acabar dando um discurso na época da eleição e outro discurso
agora, depois que é governo, dizendo que é contra a eleição de diretores,
quando na verdade eu pensei de fato que do PDT nós iríamos ter um apoio no
sentido de ampliar a democracia dentro das escolas, mas não de restringir o
pouco de democracia que a muito custo os estudantes, os professores e a
sociedade conquistaram depois de anos e anos de luta.
Então, o
que nós assistimos, Ver. Besson, foi um ato tremendamente deseducativo e um ato
que depõe contra a democracia que nós deveríamos e o Partido de V. Exª de se
unir a nós como partidos progressistas, como partidos de esquerda. Nós
deveríamos lutar para ampliar a democracia, lutar para varrer qualquer
resquício de autoritarismo e não para usar do mesmo autoritarismo e querer
restringir o pouco de democracia que se conquistou dentro das escolas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PDS, o
Ver. João Dib. V. Exª tem cinco minutos.
O SR.
JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Há expressões que merecem um estudo profundo, a
mesmice do passado e a vocês jovens, muito jovens por certo, podem se
impressionar com a mesmice do passado. O passado onde este País cresceu,
progrediu e que não aconteceram as violências que se pretende agora aqui
atribuir. Eu fui Prefeito desta Cidade e não interferi em nenhuma escola. A
eleição direta dos professores começou na minha administração. Agora, o roto
não fala do rasgado, o roto não fala do rasgado! E, o Presidente da Comissão de
Educação dessa Casa, que estava aqui nessa tribuna, Ver. José Valdir, meu
Presidente de Comissão, deve estar lembrado que a Administração Popular, na
Escola de Fátima, tirou os diretores, de uma forma indigna e ignominiosa, e não
pedi Moção de Repúdio para ninguém, porque só se faz o progresso construído e
não tentando destruir. Não tenta destruir! Não vou poder admitir, já que falei,
hoje, todo dia em responsabilidade, seriedade, que as coisas sejam tratadas de
forma indigna para que vocês, jovens, saibam que a Administração Popular, a
quem tributo muitas defesas, tributo grande carinho para a Secretária Ester,
está lá, nos documentos, dizendo aos diretores das escolas: “demitam-se e não
haverá sindicância.” Não para mim que fui Prefeito; não para mim que sou
Vereador pela quinta vez, vai acontecer um fato desse, tentando iludir os
Senhores. Só se constrói o progresso trabalhando, e não fazendo o que vocês
viram fazer, aqui, a tarde inteira, é mágoa para um homem que dedicou a sua
vida inteira ao serviço público. Eu escolhi ser servidor público, não para usar
a minha tribuna, o lugar que fui colocado contra essa ou aquela entidade. Eu
fui para construir, eu fui para servir, eu não fui para ser servido. Então, o
roto que não fale do rasgado! Não estou defendendo a Secretária da Educação do
Estado, mas acho muito cedo, muito prematuro que se julgue de forma violenta,
porque esta Casa já até declarou pessoa não grata e engoliu na Justiça porque
não tinha como fazer, apenas, 4 ou 5 tolos disseram, talvez, não pode fazer,
mas esta Casa porque entendia que tinha que agredir, agrediu, engoliu e pagou
na Justiça e a Cidade ainda vai pagar em cruzeiros o que fez. Portanto eu sei,
eu também fui jovem, tenho dito desta tribuna que não envelheci, eu acumulei
juventude, experiência, não há de se construir destruindo. Se a nossa
Secretária de Estado, é nossa Secretária de Estado, não é com o meu voto, não é
com o meu apoio, errou, não vamos, nós, errar, da mesma forma que ela!
Ela não
vai receber o nosso aplauso. Eu estou falando como Líder do PDS, mas não estou
expressando a posição do PDS. Mas volto a dizer: sou um servidor público, um
homem de convicções. Eu acho que estamos atropelando tudo! E se vamos receber –
nem sabia isto, eu – os professores e alunos, amanhã, acho que estamos nos
antecipado aos acontecimentos! Eu acho que não ficaria nem um pouco bem para a
Casa que representa o povo, ser afoita, precipitada e julgar sem ter ouvido!
Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PTB, o
Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, alunos do Parobé e também do Júlio de Castilhos, presentes, hoje,
aqui, nesta tarde.
Eu fui um
dos Vereadores que votei favorável a que o Requerimento pudesse ser analisado
imediatamente por este Plenário. E fiz isto em respeito a todos os Senhores que
se encontram aqui. Porque acredito que mais hoje, mais amanhã, vocês devem
conhecer a posição de cada Vereador desta Casa. Mas podem ter certeza de uma coisa:
a posição desta tarde, quer o Vereador vote não, quer o Vereador vote sim, não
será uma posição contra alunos ou favorável a Secretária. Será uma posição,
toda ela, de acordo com o ponto de vista de cada Vereador que entende que a
educação, aqui no Rio Grande do Sul, como em todo o Brasil, é um problema muito
sério que principalmente aqui para nós, já há 11 anos vem se transformando num
verdadeiro inferno, não apenas para os alunos, mas também para os pais de
alunos. Eu quero lembrar que há 11 anos nós estamos enfrentando greves, aqui,
no Rio Grande do Sul. Os pais dos alunos já não agüentam mais esta situação.
Arrocho
salarial, o Ver. Adroaldo colocou. Nós sempre nos manifestamos favoráveis à
causa defendida pelos professores, que realmente ganham muito pouco. Mas quem
está pagando o pato por tudo isso é exatamente essa geração que está
freqüentando as escolas nos últimos 11 anos. Esta geração que freqüenta as
escolas, principalmente os cursos básicos nos últimos 11 anos, simplesmente
deixaram de aprender, estão pagando por uma situação que eles não criaram. E é
exatamente alguma coisa que temos que trazer hoje aqui, porque quando estamos
julgando a Secretária de Educação, Neuza Canabarro, estamos julgando o Governo
de Alceu Collares, estamos julgando uma Secretária e um Governo que enfrentam
uma situação que realmente era praticamente impossível de ser enfrentada com
atos dóceis. Não que a atitude violenta da Secretária lá no Parobé seja
justificável, de maneira alguma; somos completamente contrários a que a atitude
da Secretária, lá no Parobé, tenha sido tomada daquela forma e daquela maneira.
Mas eu quero lembrar a todos os senhores o seguinte: que este mesmo Partido que
hoje aqui está propondo esta Moção de Repúdio contra a Secretária de Educação
propõe uma Moção de Repúdio contra o editor desta Cidade. E por propor esta
Moção de Repúdio contra este editor desta Cidade, o Município tem que pagar
agora uma indenização para a Editora Revisão, exatamente por ser votada aqui
uma Moção de Repúdio completamente equivocada. Acredito que se votássemos esta
Moção de Repúdio, estaríamos fazendo um julgamento superantecipado do trabalho
que a Secretária e a Administração do Estado vem fazendo. Eu acredito que nós
podemos ser contrários a este ato sem votarmos aqui a Moção de Repúdio. Ou, por
ventura, na Administração passada, quando os lixeiros saíram pelas ruas da
Cidade atirando lixo numa greve louca que houve, comandada pelo PT, houve
alguma manifestação aqui nesta Casa desairosa contra o ato do PT? Mas o que aconteceu
este ano? Aquele autoritarismo que era pregado para a Administração do Dr.
Alceu Collares está sendo praticado pela Administração Dr. Olívio Dutra! Então
todos os Partidos que têm-se colocado na situação têm sido extremamente
autoritários! Então votarmos hoje aqui a Moção de Repúdio, vamos votar, mas
vamos ser contrários, porque não vamos julgar a Secretária, antecipadamente,
como está pedindo aqui esta Moção encaminhada pelo Ver. José Valdir. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito uma informação. Qual é o número de votos para
votar essa Moção de Repúdio, e se nós temos “quorum” para a votação?
O SR. PRESIDENTE: No momento em que nós procedermos à votação, será feita a verificação de
“quorum “ antecipadamente. Nós estamos concluindo o processo de
encaminhamentos. Para se votar qualquer matéria, Vereador, são necessários, no
mínimo, 17 Vereadores presentes.
O SR. GIOVANI GREGOL (Questão de Ordem): Eu peço para encaminhar pela Bancada, visto que o Ver. José Valdir
encaminhou como autor da matéria.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa havia apregoado o encaminhamento por parte da Bancada, e não havia
sido contestada. V. Exª contesta agora na condição de Vice-Líder. Eu peço que
os registros taquigráficos façam este registro: o Ver. José Valdir encaminhou
como autor do Requerimento.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exª mesmo colocou que o encaminhamento era pela
Bancada, como foi solicitado, já foi feito pelo Ver. José Valdir. Se,
porventura, o Ver. Gregol fizesse agora o encaminhamento, a Bancada do PT
estaria encaminhando duas vezes. As notas taquigráficas estão aqui para
registrar a verdade do que falo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, a sua Questão de Ordem é absolutamente despicienda, pois
a Mesa acabou de dizer exatamente que o Ver. José Valdir havia apregoado
enquanto Bancada, e a Liderança do PT está modificando esta situação. Nenhuma
situação nova. Se V. Exª quiser contestar a decisão da Mesa de voltar é outra
Questão de Ordem.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): É exatamente esta contestação que nós fazemos dentro desta Questão de
Ordem, Vereador-Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Então, V. Exª contesta a decisão da Mesa?
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): É exatamente isso. Não poderia haver outra atitude?
O SR. PRESIDENTE: A Mesa suspende os trabalhos para verificar se tem ou não poder de fazer
esta decisão que encaminhou.
(Suspendem-se os trabalhos às 18h53min.)
O SR. PRESIDENTE (às
18h56min): Estão
reabertos os trabalhos. A Mesa considera stricto
senso que o Presidente pode reordenar os trabalhos, havendo manifestação de
qualquer Partido .
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, apesar
de fazer a sua leitura, sem questionar, retiro o requerimento anterior, mas penso
– sem contestação das demais Bancadas, que o Ver. José Valdir, já que havia
encaminhando pela Bancada, e este Vereador, como Líder, não havia encaminhado,
nem tentado, pensamos que ele encaminhara como autor, e agora reivindicávamos o
espaço, que ele, agora, encaminhe como autor, o que ele ainda não o fez. Havia
feito pela Bancada.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa acata sua Questão
de Ordem.
O SR. JOÃO DIB: Requeiro verificação de
“quorum”.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa ressalva sua
posição de absoluta lisura e entende que cabia ao Presidente reconsiderar a
situação.
O Sr. Secretário fará a chamada nominal dos Srs. Vereadores
para verificação de “quorum”.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada.) Há
14 Srs. Vereadores em Plenário, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Há 14 Vereadores
presentes. Conforme deliberação da Comissão de Justiça e Redação desta Casa, há
“quorum” para encaminhamentos, já que o “quorum” é de 11 Vereadores.
O Ver. José Valdir encaminha como autor.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, só para responder ao Ver. João Dib...
O Sr. João Dib (Aparte
anti-regimental): Eu
não quero resposta, porque, no meu entendimento, não há “quorum” para
continuação da Sessão. Eu não quero ouvir a resposta, porque eu não sirvo de
brinquedo.
O SR. PRESIDENTE: Os trabalhos estão
suspensos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 19h01min.)
O SR. PRESIDENTE (às
19h03min):
Está reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Concedemos a palavra, para encaminhar, como autor, ao Ver.
José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, quando
subi à tribuna, até sensibilizado pelo discurso do Ver. João Antonio Dib,
estava pensando que eu poderia ter cometido algum exagero, algum equívoco, ao
falar do passado, mas o Vereador demonstrou que é o velho homem ligado ao passado
mesmo. Porque foi ali, querendo ensinar para a juventude, se retirou, depois
que disse uma série de inverdades, para não ouvir a outra versão. Então, o
conceito de democracia do Ver. João Antonio Dib, é muito interessante. Eu
elogio o Ver. Vicente Dutra, do PDS, que está aqui, mas o Ver. João Antonio Dib
vem a esta tribuna, diz uma porção de bobagem, diz uma porção de coisas que não
é verdade, compara a formiga com o elefante e, depois, se retira para não
ouvir. (Pausa.) Ah, está voltando.
O Sr. João Dib: Não aceito ser chamado
de mentiroso por ninguém!
O SR. JOSÉ VALDIR: Não falei mentiroso.
Disse que faltou com a verdade. Sr. Presidente, peço que me assegure a palavra.
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 19h04min.)
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu subi
a esta tribuna, apenas para contestar o Sr. João Dib numa comparação que ele
fez, ele comparou o caso Parobé com o caso Escola Nossa Senhora de Fátima. Mas,
isso é a comparação da formiga com elefante, tanto na extensão dos dois
episódios quanto na natureza, pois a repercussão a manifestação do Parobé, onde
envolveu alunos, movimento estudantil, inclusive, para fora da escola, envolveu
professores, Governador do Estado, denunciando que há manipulação, como o Ver.
João Dib falou da manipulação, eles se entendem na linguagem, então é na
extensão do assunto, mas na natureza é completamente diferente; aí o Ver. João
Dib, ele que me perdoe, mas ele não gosta das coisas, então vamos dar um
eufemismo de linguagem, veja bem, o Colégio Fátima, estou dizendo isso porque
acho que os estudantes que estão aqui, agora, tem uma assembléia daqui a pouco
lá no Parobé, tem que relatar o que aconteceu nesta Sessão, relatar o que foi
dito, a retirada de “quorum”, isso para não levar, pelo menos, a versão do Ver.
João Dib, que leve as duas. O Ver. João Dib não gosta de duas versões porque ele
é do período autoritário e gosta apenas da versão unilateral, da versão
autoritária.
Lá no Colégio Fátima a comunidade solicitou uma Comissão de
Inquérito, e foi instaurada a Comissão de Inquérito, não foi levado nenhum
pelotão de choque, e aí já há uma diferença gritante. Instaurada a Comissão de
Inquérito, o mesmo Colégio Eleitoral, vejam bem, o Colégio Eleitoral que elegeu
a Direção demitiu a Direção. O mesmo fórum que elegeu, não foi a Secretária
Esther Grossi, não foi a Administração Popular e muito menos com Polícia, foi o
próprio Colégio Eleitoral, foi um amplo processo de discussão com os pais, onde
a Secretária quando foi na escola, foi solicitada, discutiu. E a Comissão de
Educação, onde tenho a honra de ser Presidente, ouviu todos os lados, e é isto
que vamos fazer a partir de amanhã, já está convocada a Comissão de Educação,
estão convocadas as representações dos pais, professores e alunos, e estou
convidando todos os Vereadores, sejam ou não membros da Comissão. E foram
feitas várias reuniões. Quem pediu a Comissão, que a Comissão ouvisse, quem
insistiu e que foi atendido por este Presidente, foi o Ver. Vieira da Cunha,
que hoje não está aqui e não sei se amanhã vai estar na Comissão, tomara que
esteja para ouvir a todos.
Então, veja bem, não é possível que se venha a esta tribuna
fazer comparações que são completamente diferentes e de natureza diferente.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PMDB, na condição de Líder, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos aqui na condição de Líder do
PMDB, juntamente com o Ver. Ferronato, o outro integrante da Bancada do PMDB,
por dois motivos, primeiro porque é interessante que os alunos, os jovens que
estão aqui procurem levar a melhor intenção da Casa. Os debates fazem parte do
nosso dia a dia. Claro é verdade que a linha de coerência do PT, nesta matéria
não se norteou pela melhor qualidade. No fato do Colégio Fátima, o
comportamento do PT foi bem diferente do comportamento que está sendo tomado
agora em favor do Parobé. O comportamento em favor do Parobé, que eu acato,
voto favorável, estou dando minha total solidariedade. Não é o comportamento
melhor de uma Secretária de Estado, Primeira Dama do Rio Grande do Sul,
convocar um batalhão de policiais, convocando ou não-convocando, parece que foi
negada a versão de que S. Exª tenha convocado. Mas, de qualquer maneira, estava
lá o batalhão quando houve o incidente. E parece que não é a melhor forma.
Também a melhor forma não foi a que o PT instituiu para tirar a direção da
Escola Fátima, aliás, vários professores pediram sua remoção daquela escola
pelas artimanhas que o PT implantou em cima da direção daquela escola. O PT
queria realmente retirar aquela direção, montou um esquema estratégico, mais
habilidoso que a Dª. Neuza, é verdade. A Dª. Neuza não é habilidosa. É uma
Senhora de infeliz habilidade. Ora, determinar a intervenção com militares –
isto o PT não faz, faz mais tecnicamente. O PT entrou por baixo lá, contaminou
a estrutura da escola, quem perdeu foi o Bairro Bom Jesus, porque professores
tradicionais da escola pediram seu afastamento.
Então, tem mérito a proposta do
Ver. José Valdir? Evidentemente que tem mérito! Se não tivesse mérito, porque
parte do Partido dos Trabalhadores não teve o mesmo comportamento em relação ao
colégio Fátima, se não fosse por isto, bastaria a presença destes alunos aqui
para que eles sentissem que a Câmara da sua Cidade se preocupa, sim, com a sua
presença. Eu já fui jovem, eu já fui da UGES, eu já fui de vários grêmios
estudantis. Ficava aborrecido, e como me aborreceu o Dr. Brizola quando
determinou o fechamento da Escola Agrotécnica do Passo Novo, onde eu presidia o
Grêmio Estudantil. Eu só podia estudar lá porque a Escola era gratuita e tinha
fardamento e comida, e o Dr. Brizola mandou fechar a escola e viemos para cá e
fizemos uma grande briga e quem nos deu cobertura foi esse rapaz que é um dos
editores do jornal Diário Catarinense – não lembro o nome agora – jovem
jornalista na época, muito jovem.
Mas o PT não tem muita
credibilidade para fazer isso aqui, não tem. Quem tem credibilidade para fazer
isso aqui são os estudantes que estão aí. Não é motivo de riso, Vereador da
“bicicleta”, não é não! É preciso ideologia. Enquanto o PT vem aqui apresentar
isenções para uma cooperativa de trabalhadores humildes, estes trabalhadores
são barrados de uma licitação do Departamento Municipal de Limpeza Urbana e
ganha uma empresa cujo preço é três vezes maior. O Ver. Heriberto Back, da
Bancada do PT, veio aqui dizer que as obras de pavimentação desenvolvidas pelo
Vereador do Partido da “bicicleta” estão custando três vezes mais do que
realmente deveria custar. Isso é sério! Porque não dão risadas? Porque não
riram do seu colega que denunciou isso aqui? Deveriam ter rido.
Encaminho favoravelmente, Sr.
Presidente, em nome da Bancada do PMDB e esperando que o PT tenha um pouco mais
de postura ética, que quando fizer as suas perseguições às escolas e aos
professores do Município...
O Sr. Giovani Gregol: Leve a Brigada.
O SR. CLÓVIS BRUM: Não, não leve a Brigada e nem suba em chaminés nenhuma, que é perigoso
aquele negócio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais
encaminhamentos. Colocaremos o Requerimento em votação.
O SR. JOSÉ VALDIR
(Questão de Ordem): Sr.
Presidente, só para esclarecer, para efeito de justiça e que fique registrado
nos Anais, que o Ver. Vieira da Cunha não se encontra aqui neste momento,
porque está numa audiência na Prefeitura. É uma questão de justiça, e tenho que
fazer esse registro.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Ver.
Airto Ferronato que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para
verificação de “quorum”.
O SR. SECRETÁRIO “AD
HOC”: (Procede
à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.) Não há
“quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo “quorum”,
encerramos os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 19h21min.)
* * * * *